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Bolsonaro terá que reajustar status se quiser permanecer nos EUA

Publicado em: 10/01/2023

Ana Alakija
Ana Alakija

Boston – O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse nesta segunda-feira à imprensa que cabe a um indivíduo que entrou nos Estados Unidos com o chamado visto “A”, reservado para diplomatas e chefes de Estado, deixar o país em 30 dias ou solicitar uma mudança de status de imigração se eles não estiverem mais envolvidos em negócios oficiais.

 

Isto significa que se o ex-ocupante do cargo de presidente da República do Brasil Jair Bolsonaro, que voou para Orlando no último dia 30 de dezembro, isto é, na véspera de acabar o seu mandato para não entregar a faixa ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva no dia 1 de janeiro de 2023, não requerer autorização ao Serviço de Imigração norte-americano para permanência no país em outro tipo de categoria que não a de chefe de estado, ele terá que deixar os Estados Unidos. Ou entrará para a lista de indocumentados, semelhante ao status daqueles que ele hostilizou quando assumiu como presidente de República e  sinalizou ao então presidente da República dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderia deportá-los como ilegais.

 

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse hoje, em uma coletiva de imprensa que não poderia comentar sobre a situação do visto de um indivíduo, mas falou em geral sobre as regras de visto. “Se um indivíduo não tem base para estar nos Estados Unidos, ele está sujeito a remoção pelo Departamento de Segurança Interna”, disse Price. isto é,  um indivíduo com visto oficial e que não está mais em negócios oficiais deve sair do país ou solicitar um novo status.

 

Há especulação  de que Jair Bolsonaro  vai tentar asilo em outro país que não os Estados Unidos para fugir de processos que vão correr contra ele pelos crimes evidentes que cometeu no Brasil. Ou crie artificios para não deixar os Estados Unidos, como tocar a sua  non-profit organização que ele junto com o seu vice, o general Hamilton Mourão e outras brasileiros suspeitos, como Roberto Cohen, citado na CPI como parceiro do reverendo Amilton Gomes de Paula, teriam criado durante a pandemia da Covid-19, para “se safar” no caso de ter que enfrentar uma situação como essa.

 

O reverendo Amilton Gomes de Paula é aquele  que atuou numa negociação excusa para intermediar a suposta venda de vacinas da AstraZeneca em que houve suspeita de tentativa de superfaturamento e cobrança de propina. Ele teria conseguido uma liminar no STF para permanecer calado e não se incriminar. Bem, criar uma organização nos Estados Unidos não ee uma coisa tão simples. Mas a “Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas”,  foi registrada em Miami, em 30 de outubro de 2020. Ou seja, o seu processo de constituição e implantação pode já estar bem avançado.

 

Mas existe um filtro que Bolsonaro dificilmente escapará para conseguir um visto no paraíso norte-americano. Provar que é um cidadão de good moral character. Isso inclui não possuir antecedentes criminais. São tantas as acusações, inclusive no Tribunal de Haya por responsabilidade, ou melhor irresponsabilidade na condução da pandemia causando a morte de mais de 600 mil pessoas, e condenado por genocídio e crimes contra a humanidade, pelo Tribunal Permanente dos Povos no Brasil, além dos processos que virão em um presente bem próximo.

 

Há ainda o recurso de Bolsonaro permanecer ilegal como anônimo (piada, né?) nas terras norte-americanas. Em tese, brasileiros ilegais nos Estados Unidos não são importunados se não forem denunciados. Mas, graças a uma política que ele e Trump inauguraram, dos consulados brasileiros  fornecerem informações  sobre a presença de brasileiros no país, o Departamento de Imigração pode localizá-lo, solicitar ao Departamento da Justiça um mandado e a polícia de imigração – ICE – bater na sua porta para verificar seu status. O que significa que Bolsonaro pode provar do mesmo veneno que ele mesmo ajudou a preparar contra aqueles que incoerentemente o apoiam nos Estados Unidos.

 

Ana Alakija é jornalista com Mestrado em História pela Salem State University, Massachusetts

 

 

 

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