Sobre a Cia Americana por trás do ato de terrorismo de 8 de janeiro no Brasil

Publicado em: 12/01/2023

Ana Alakija
Ana Alakija

De Boston –  A imprensa norte-americana tem repercutido intensamente a influência dos episódios da invasão do Capitólio,  em Washington, ocorrido em 6 de janeiro de 2021 sobre a invasão dos prédios do  Congresso, Palácio da Alvorada e da Suprema Corte em Brasília, no último domingo, 8 de janeiro de 2023.

 

A primeira, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump inconformados com a sua derrota nas eleições para o atual presidente Joe Biden para impedir a sua diplomação. A segunda, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o novo presidente empossado Luís Inácio Lula da Silva referendado pelo Congresso e o Supremo Tribunal de Justiça.

 

Mas a suspeita da influência norte-americana no “momento de 6 de janeiro do Brasil” com forte ligações com a Central de Inteligência estadunidense divulgada hoje pela mídia norte-americana cai como uma bomba na sociedade brasileira e no colo  do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

 

Pepe Escobar (ele publicou primeiro no TheCradle e depois no The Saker ) é um dos principais articulistas, senão o primeiro, a escrever sobre essa ligação. Ele procurou explicar porque o golpe fracassou no Brasil,  como a última manobra da CIA, no momento em que o Brasil está forjando laços mais fortes com o leste.

 

Escobar  entrevistou um ex-funcionário da CIA e confirmou que o remix caótico do “Maidan” (referente à revoluçao de Maiden de 2014 por forças conservadoras na Ucrânia) encenado em Brasília em 8 de janeiro foi uma operação da Central de Inteligência e vinculou o evento às recentes tentativas de revolução colorida no Irã.

 

Escobar faz uma retrô sobre o episódio brasileiro dizendo que  “no domingo, supostos apoiadores do ex-presidente de direita Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, a Suprema Corte e o palácio presidencial do Brasil, contornando frágeis barricadas de segurança, subindo em telhados, quebrando janelas, destruindo propriedades públicas, incluindo pinturas preciosas, enquanto pediam um golpe militar como parte de um esquema de mudança de regime visando o presidente eleito Luís Inácio ‘Lula’ da Silva.”

 

Segundo Escobar, a fonte norte-americana disse a ele que “o motivo para a realização da operação – que traz sinais visíveis de planejamento apressado – é que o Brasil está prestes a se reafirmar na geopolítica global ao lado de outros estados do BRICS como Rússia, Índia e China.”

 

O jornalista brasileiro especialista em análise geopolítica de fatos, colheu informações de que  “os planejadores da CIA são leitores ávidos do estrategista do Credit Suisse, Zoltan Pozsar, ex-funcionário do Fed de Nova York. Em seu relatório inovador de 27 de dezembro intitulado War and Commodity Encumbrance, Pozsar afirma que “a ordem mundial multipolar está sendo construída não pelos chefes de estado do G7, mas pelo ‘G7 do Oriente’ (os chefes de estado do BRICS), que é um G5 realmente, mas por causa do ‘BRICSpansion’, tomei a liberdade de arredondar’.”

 

Para Escobar, a fonte se refere a relatos de que “Argélia, Argentina e Irã já se inscreveram para ingressar no BRICS – ou melhor, sua versão expandida “BRICS+” – com interesse adicional expresso pela Arábia Saudita, Turkiye, Egito, Afeganistão e Indonésia.”

 

A fonte dos EUA traçou um paralelo entre a “Maidan da CIA no Brasil” e uma série de recentes manifestações de rua no Irã instrumentalizadas pela agência como parte de uma nova campanha de revolução colorida: “Essas operações da CIA no Brasil e no Irã são paralelas à operação na Venezuela em 2002 que foi muito bem-sucedido no início, pois os manifestantes conseguiram capturar Hugo Chávez.

 

Ora, o mundo todo sabe que o Pentágono e a Presidência da República dos Estados Unidos nem sempre estão de acordo. Isto é: Enquanto  o Pentágono vigia o establishment,  o presidente da República do país estadunidense cuida de administrar o país. Falando das últimas administrações, essa relação não tem sido muito uníssona. A exemplo da espionagem por órgãos de segurança dos Estados Unidos da ex-presidenta Dilma Rousseff, denunciada pelo jornalista Julio Assange no bojo de outras “weekleaks” e que causou um estranhamento entre o então presidente estadunidense Barack Obama e a presidenta brasileira.

 

No caso de Donald Trump, enquanto as políticas econômicas que ele desenvolveu estavam de acordo com o establishment norte-americano, o presidente trapalhão causava muito mais dificuldade que facilidade, especialmente  para a imagem de democracia sólida dos Estados Unidos e política de boa vizinhança com seus pares.

 

Para Joe Biden, o desafio será desativar essa bomba no colo. Especialmente porque, como um democrata, ele apoiou a democracia brasileira e se comprometeu, junto com o Congresso norte-americano a refutar e sancionar contra o Brasil em caso de golpe ao Estado democrático de Direito no país tropical.

 

Biden também apoiou a eleição do novo presidente brasileiro com a adesão de forças progressistas. Foi um dos primeiros chefes de Estado a congratular Luís Inácio Lula da Silva por telefone na sua vitória, enviou delegação para a sua posse e condenou a invasão aos prédios dos 3 Poderes em Brasília.

 

Resta saber se esses agentes da CIA do governo Biden  que planejaram “a invasão do Capitólio brasileiro” são os mesmos que sabotaram a segurança do Congresso norte-americano e permitiram a invasão de 6 de janeiro de 2021,  como forças aliadas a  Trump. O que é possivel, assim como o governo Lula está arrodeado de apoiadores de Bolsonaro que planejaram a tentativa de golpe à democracia brasileira no último domingo mesmo nomeados pelo novo governo para os ministérios militares e suas estruturas em todo o país, como mostram as evidências.

 

O que seria uma leitura adicional a do establishment norte-americano sobre Lula e seu discurso de priorização do social e fortalecimento do BRIC como uma pedra no calcanhar do gigante Aquiles.

 

Biden estará recebendo Lula nos Estados Unidos em fevereiro próximo.

 

 

Ana Alakija é jornalista com Mestrado em História pela Salem State University, Massachusetts

 

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