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A Irracionalidade dos Protestos dos Eleitores de Bolsonaro no Brasil e no Exterior

Publicado em: 11/11/2022

Ana Alakija
Ana Alakija

De Boston – Até hoje os eleitores que optaram em votar no candidato que representa a extrema direita no Brasil não se conformam que seu ‘mito’ tenha perdido a eleição para presidente. Nenhuma novidade. Eles continuam protestando na frente de quartéis pedindo a intervenção militar (oopa, a ordem agora é pedir “intervenção federal”, não militar, e não pode falar o nome ou nada que vincule os protestos ao Capitão-mor de jeito nenhum!).  Choram, resmungam e oram no muro das lamentações, bloqueiam estradas, param e sobem em caminhões e até dão tiros em carro de polícia, como vimos na cidade de Novo Progresso, no Pará, e em Rio do Sul, em Santa Catarina.

 

A maioria uniformizada com camiseta e boné verde-amarelo. Em algumas camisetas pode-se ver o nome de ‘possíveis’ apoiadores desses atos (afinal, receber ‘royalties’ por produtos usados nesses protestos golpistas pode ser também uma forma de apoio), que podem ser classificados como pacíficos (nem por isso menos anti-democráticos ou mesmo golpistas) e outros de carater mesmo terroristas. Tudo à espera do “mito” (ou “minto?”) que não vai voltar.

 

Assim como no Brasil, eleitores no exterior que votaram na reeleição do atual mandatário do cargo de Presidente da República, Jair Bolsonaro, e que perdeu a disputa, incentivados pela mensagem de duplo sentido do ‘Capitão-mor’, estão acusando o sistema eleitoral brasileiro de fraude nas jurisdições dos consulados.

 

Na verdade,  as acusações de fraude vem acontecendo desde o primeiro turno da eleição, em 2 de outubro, quando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva venceu seu adversário em casa e abroad (47,17% contra 41,61%), o que se confirmou também no segundo turno, dia 30 de outubro, quando Lula ganhou em 58 países (47,5% contra 41,26% de Bolsonaro).

 

Até nos Estados Unidos, onde aquele que se declarou que não é coveiro teve mais vantagem de votos (65,48% contra 34,52% de Lula) dados por migrantes econômicos –– isto é, aqueles que migram cujo valor principal de sucesso é ganhar muito dinheiro–– os protestos eclodiram. Com direito a fakecases — um grande manancial corrente nas midias sociais (especialmente através do whatsapp) e chamados para a sessão ‘solene’ do vídeo argentino denunciando as “fraudes”,  produzido pelo amigo de um dos filhos do presidente, senão do mesmo, como provam as várias fotos mostradas pelo influencer Felipe Neto.

 

O burburinho anti-democrático que assola Boston, por exemplo, que agrega cerca de 35 mil eleitores, provocou um pronunciamento do Consulado Geral do Brasil.  A entidade divulgou na quinta-feira (10 de novembro) uma nota oficial para esclarecer a comunidade brasileira no segundo maior colégio eleitoral estadunidense  (o primeiro é Miami, com 40,000 eleitores brasileiros),  sobre boatos que vem circulando sobre a não contabilização de votos de algumas seções eleitorais subordinadas ao órgão. onde Bolsonaro ganhou com 69.8% dos votos contra Lula (23%).

 

De acordo com o Consulado, a desinformação não procede e o motivo que levou ao boato é a adoção do sistema de agregação de seções eleitorais pelo Sistema Eleitoral em razão da elevada taxa de abstenção. “Para os eleitores que votaram em Framingham, por exemplo, foram disponibilizadas 14 urnas”, diz a nota do Consulado, “as quais, na verdade, abrangem um total de 29 seções eleitorais, conforme planilha abaixo, em que cada ‘quadrado’ representa uma urna.”

 

O quadro apresentado pelo Consulado, e, na medida em que os resultados divulgados na página eletrônica do TSE, continha apenas referência às seções que aparecem em primeiro lugar em cada ‘quadrado’.  Assim houve conclusão errônea por parte de alguns eleitores de que os votos de suas seções localizados em segunda ou terceira posições não teriam sido computados.

 

“Quem votou na seção 3089 ou 3375, por exemplo, não encontrará ‘resultado’ para essas seções; esse resultado aparece apenas com a referência da seção principal (1142),” diz a nota. O Consulado informou ainda que outros esclarecimentos podem ser encontrados no site do Tribunal Superior Eleitoral-TSE.

 

Vida que segue. Entre controvérsias, irracionalidades, mensagens de duplo sentido (como a do relatório militar sobre as fraudes) e blá blá blá.  Até quando, quem viver, verá.

 

Ana Alakija é jornalista com Mestrado em História pela Salem State University, Massachusetts

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