No último domingo (24), e nesta quinta-feira (02), o Jornal de Brasília voltou a fazer denúncias contra o deputado distrital Chico Vigilante (PT). Nas duas edições, a alegação é de recebimento de doação de verba supostamente ilícita para sua campanha eleitoral. Nas matérias, a empresa M Brasil Empreendimentos, que doou 100 mil reais para a candidatura do parlamentar, tem sua idoneidade colocada em xeque.
De acordo com o jornal, vários indícios de irregularidades apontam para que a referida empresa seja “de fachada” e que esteja envolvida num esquema de fraudes nacional, que envolve de lavagem de dinheiro, desvios de recursos públicos, e muitas doações de campanha. Chico Vigilante alega que a doação é legal, por estar comprovada em um recibo assinado por seu tesoureiro de campanha, Jervalino Rodrigues, e ainda rebate as acusações dizendo que “o Jornal de Brasília deixou de ser um veículo de importância, para se tornar uma tribuna de ataque à honra e à dignidade das pessoas”.
Sem ao menos ter sido ouvido nas matérias publicadas, Chico questionou a credibilidade do jornal. Segundo o distrital, o veículo é de propriedade de Marcos Lombardi (Marcola), que também é acionista de uma das principais redes de combustíveis do DF, Gasoline. De acordo com Chico, esta rede, está envolvida com o cartel dos combustíveis na cidade.
A briga do parlamentar começou em 2003, quando a Câmara Legislativa apurou por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a formação de cartel e sonegação fiscal dos combustíveis no Distrito Federal. Na época, a CPI foi presidida pela ex-deputada Eurides Brito, e o relator do inquérito foi o deputado Chico Vigilante (PT), que chegou a necessitar de proteção policial por sofrer ameaças de morte.
O distrital também tem um Projeto de Lei que visa pôr fim a uma emenda da Lei Distrital nº294/2000, de autoria do Executivo, na época sob comando de Joaquim Roriz, que proíbe a instalação de postos de abastecimentos, de lavagem e similares nos estacionamentos de supermercados, hipermercados e shopping centers. O argumento da proibição era que postos não podem funcionar perto de áreas onde há fluxo intenso de pessoas.
O relatório final da CPI dos Combustíveis apontou para um suposto cartel que teria orquestrado a lei supracitada, e 22 pessoas foram indiciadas. Entre elas os donos das duas maiores redes de combustíveis no DF: Gasol e Gasoline (!), além do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sinpetro). Como Chico, há anos, combate o fim do suposto cartel, a rixa entre o deputado e os empresários é antiga.