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Comendo a carne dos servidores

Publicado em: 06/05/2011

Ao que tudo indica a Mesa Diretora da Câmara Legislativa, não está muito interessada em melhorar a imagem da Casa perante os olhos da sociedade. Uma boa chance de exemplificar uma postura de moralidade, era cumprir o prazo estabelecido por uma lei, da própria instituição, que estipulava que até o dia 30 de abril, seria efetivada a reformulação, em novas bases, do quadro organizacional da Câmara. Mas não foi o que aconteceu.

Na última quarta-feira (27), houve uma reunião com representantes do Sindical – Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas do DF –, categoria que há tempos reivindica a reestruturação e o reajuste salarial. Nessa reunião, o Secretário Geral Fernando Taveira, foi quem recebeu os servidores, e apenas disse que uma nova reunião seria marcada, já que aquela não contava com a presença de nenhum membro da Mesa.

Ontem (05) houve uma outra reunião com o presidente da Casa, Patrício (PT). A presença do presidente serviu para, formalmente, adiar a reestruturação, e negar qualquer possibilidade de reajuste salarial imediato. A alegação era a de que com o aumento dos salários, o limite financeiro da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), poderia ser ultrapassado. Com isso, descumpre-se a emenda à Lei, feita pela própria Casa. E também descumpre-se o direito constitucional de reposição e perdas salariais dos servidores.

Nesta sexta-feira (06), a Assecam (Associação dos Servidores, Ex-Servidores e Pensionistas da Câmara Legislativa do Distrito Federal) ofereceu um almoço para os associados, em uma churrascaria de Brasília. No encontro não estiveram presentes apenas os servidores, alguns deputados, dentre eles o vice-presidente da Casa Dr. Michel (PSL), também foram convidados para “filar” umas carnes.

Perguntado sobre o não reajuste dos servidores, Dr. Michel, afirmou que o tema ainda está aberto à discussões. “A Mesa deixou aberta as negociações. Neste momento nós não temos condições de dar o aumento devido à responsabilidade fiscal. A nossa intenção é nos equilibrar, nos colocar dentro da responsabilidade fiscal, e aí podemos voltar à discussão. Em nenhum momento foi dito ‘não’”, disse o vice-presidente. Sobre sua presença no evento, Dr. Michel disse: “Sou amigo dos servidores”.

Adriano Campos, presidente do Sindical, também estava presente e falou à nossa reportagem sobre a posição da Mesa em relação às reivindicações dos servidores. “A prévia que eles nos deram sobre a reestruturação administrativa, que é uma questão de interesse de todo DF, é de uma reestruturação que não diminui cargos, nem diminui os valores desses cargos. Então é uma reestruturação de mentira, que a Mesa Diretora quer apresentar à população apenas como justificativa. Estamos trabalhando isso aí como uma grande piada. É uma brincadeira de mau gosto com a população do DF”, disse.

A questão da reestruturação não é simplesmente conceder benefícios aos servidores efetivos. É uma tentativa de acabar com a mácula dos cabides de emprego, dos altíssimos gastos com pessoal, e realizar um trabalho técnico mais qualificado. São benefícios que aingem toda a sociedade.

A impressão que dá, é que existe uma cultura injusta e irresponsável entre os próprios legisladores, que leis vão e vem, e são feitas e desfeitas, ao bel prazer e interesse dos mesmos. Quase que como uma mera ferramenta de marketing. A responsabilidade de cobrar, não cabe somente a um sindicato, mas sim à sociedade que deveria exigir mais moralidade nas ações da Casa.

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