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Carlinhos Cachoeira: quem te viu, quem te Veja

Publicado em: 25/03/2012

 

 

No dia 29 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação Monte Carlo e começou o cumprimento de 82 mandados judiciais, sendo 35 prisões preventivas e temporárias. O objetivo era desarticular uma quadrilha de exploração de jogos com máquinas caça-níqueis. O que ninguém sabia ainda era o tamanho do castelo de cartas que a prisão do suposto chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira iria desmontar. O envolvimento do empresário de jogos com diversos políticos foi sendo desvelado e um dos valetes que caiu foi o da Revista Veja.

Segundo os depoimentos vazados na imprensa e publicado no blog do jornalista Luis Nassif, dentre os grampos autorizados pela justiça, aparecem agora mais de 200 telefonemas foram trocados entre o bicheiro e o diretor da sucursal de Brasília Policarpo Jr, que teria se tornado diretor após associar-se a Cachoeira. Nas gravações de conversas entre os dois, Policarpo informaria Cachoeira sobre matérias publicadas além de receber informações e elogios. Além disso, o empresário seria uma espécie de sócio da revista na maioria dos escândalos dos últimos anos.

Cachoeira de ligações – O mais interessante é que o leque de amizades do bicheiro inclui DEMocratas, PeTistas, PSDBistas, PDTistas, jornalistas, policiais e sabe-se lá que outras categorias (Veja matéria).

Porém, de todas as pessoas ligadas a Cachoeira, um dos que cada dia se complica mais é o senador Demóstenes Torres (DEM). Até mesmo os colegas que tentaram defender o “ético” senador, parecem estar mudando paulatinamente de ideia e querem a investigação da ligação entre os dois amigos e a explicação de Torres de que seria “consultor sentimental” (veja matéria aqui e aqui) vai sendo desmontada pouco a pouco e as ligações revelam, além de presentes como uma cozinha planejada importada como presente casamento, serviço de táxi aéreo e até mesmo a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da esposa de Torres (veja matéria).

Dentre as descobertas feitas pelas ligações grampeadas está a combinação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que seria "um tiro direto" no PT. O diálogo grampeado seria o seguinte:

Cachoeira – Eu vi, eu vi as cenas lá, hein?

Demóstenes – É… Isso é bom, hein. Isso é bom que dá um tiro direto neles aí né, a gente faz a CPI do PT.

Cachoeira – Exatamente. Beleza.

Demóstenes – Falou mestre, um abraço.

Cachoeira – Outro, doutor. Tchau.

Outra CPI – Outra CPI está sendo requerida pelo deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) (veja matéria), que chegou a ultrapassar o número mínimo de assinaturas para protocolar o pedido de instalação, para investigar o envolvimento de políticos com o bicheiro de Goiânia, Carlinhos Cachoeira. Mas, ao que parece, nem mesmo o deputado está isento nessa história.

O bicheiro está em um presídio de segurança máxima em Natal no Rio Grande do Norte e através do jornalista Claudio Humberto mandou o seguinte recado: “Estou ansioso para relembrar as reuniões que tive com Protógenes em Goiânia, sempre na companhia do agente Dadá, até para tratar de assuntos nada republicanos”. Dadá é sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo e foi um dos presos na Operação Monte Carlo, envolvido com arapongagem.

O sargento seria ligado a Protógenes, mas está preso sob suspeita de montar grampos ilegais, usado por Carlinhos Cachoeira para fortalecer seus laços políticos no governo de Goiás. Outro araponga usado por Cachoeira para ameaçar Protógenes é Jairo Martins, também preso na Operação Monte Carlo e responsável por gravar uma fita que mostra Maurício Marinho recebendo propina em 2005, época do Mensalão, que foi entregue ao jornalista Policarpo Júnior, de Veja.

Caso vá para frente, a CPI que Protógenes quer que seja instalada pode desvendar quem seria o Sargento Dadá, desvendando inclusive práticas ilegais, como corrupção passiva, prevaricação e interceptação telefônica ilegal, que o Superior Tribunal Federal (STF) investiga contra os ex-delegados Paulo Lacerda e contra o próprio Protógenes Queiroz na operação Satiagraha. Isso porque Dadá deu à jornalista Andrea Michael, da Folha de São Paulo detalhes sobre a operação Satiagraha, que fez uma reportagem que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.

A operação – Talvez a própria PF tenha atirado no que viu e acertou quem não viu. O esquema que a PF queria desmontar envolvia casas de jogos com máquinas caça-níqueis, comandados por Cachoeira havia 17 anos. As informações da superintendência da PF no Distrito Federal são de que o grupo de exploração de jogos ilegais tinha cerca de 80 pessoas, das quais 40 agentes públicos (policiais civis, militares e servidores da Justiça) e 40 civis e a operação apreendeu dinheiro, 200 máquinas caça-níqueis, documentos e computadores, após 15 meses de investigação.

Os presos e indiciados responderão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, evasão de divisas e violação de sigilo profissional, além da contravenção penal de exploração de jogo de azar.

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