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Os cem (ou sem?) dias de governo

Publicado em: 08/04/2011

Após três meses à frente do governo do Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz (PT) ainda não tem a tão sonhada estabilidade política. O petista foi eleito, principalmente pelo desejo da população, ansiosa por renovação, e mais ainda depois dos vergonhosos episódios da operação policial Caixa de Pandora, manchete de todos os jornais do país O governo petista atua com uma aliança polêmica – Agnelo, governador, Tadeu Filippelli (PMDB)., e em razão disso, muitas disputas internas estão em jogo Mas o fato é que, passado cem dias, ainda não há o que comemorar, pelo menos no que diz respeito a saúde, carro-chefe da campanha. Será que com uma base de governo tão esdruxula, o governo de Agnelo não ficou subordinado a interesses políticos partidários?

Para o líder do governo na Câmara Legislativa, o deputado Wasny de Roure (PT), a política vem de um processo dinâmico de ocupação de espaço e debate. “Nós temos um governo que é composto por diversos partidos, isso é um cenário de permanente embate político. O que não pode ser perdido são os princípios de valores”, explica. Para o líder, os cem dias do governo são marcados pelo resgate da credibilidade dos gestores e instituições públicas.

O deputado reafirma a saúde em primeiro plano e destaca a educação com a formulação permanente na vida da população. “Não falamos apenas na questão de frequentar a escola, mas também de viver em um ambiente culturalmente sadio”, disse. Wasny ainda diz que as definições de prioridade, previstas em calendário, como por exemplo, o Plano Diretor de Transporte Urbano, precisam de urgência no desdobramento. “É importante para que Brasília se credencie para receber os investimentos na questão da mobilidade, como também, se credencie no processo da construção da copa de 2014”, mencionou.

Talvez muitas das questões prometidas em campanha por Agnelo, não tenham tido soluções mais ágeis por conta de negociações. Wasny assume que pela grande composição de parlamentares governistas são necessários mais acordos em cada matéria. “Não vou desconhecer que há uma dificuldade inerente a essa complexidade partidária e política. Também não entendo que isso é um divisor”, afirma. “Essa diversidade é um agente extremamente enriquecedor, porque dá uma grande capilaridade à sociedade, além do desafio de interação do governo com essa base”, acredita.

Outro governista, o deputado Chico Vigilante (PT), diz que o governador Agnelo Queiroz encontrou o Distrito Federal completamente destruído, e terá como principal desafio resgatar a autoestima dos brasilienses. Chico analisa que se tivesse tido Intervenção Federal no DF, depois que foram revelados os escândalos da Caixa de Pandora, a situação não estaria tão grave como o Governador encontrou, mas acredita também que apesar das dificuldades a situação vai ser resolvida, “Estávamos no caos total, mas já conseguimos contornar essa situação, tirando a saúde pública da UTI e melhorando o sistema de transporte nas principais vias”, diz.

Embora alguns aliados acreditem que estão realizando um trabalho conjunto, não vemos isso em ações concretas na própria esfera do Executivo. Recentemente, o vice-governador Filippelli concedeu uma entrevista ao portal de notícias IG, onde revelou seu interesse por disputar o governo do DF, em 2014. Postura esta, considerada antiética por uns, por ser o vice-governador, e naturais por outros, pelo fato do governador e o vice serem de partidos distintos. Também é o caso da saída do secretário de Desenvolvimento Econômico, José Moacir Vieira, que publicamente alegou problemas pessoais, embora, sua saída não deixe de ser atribuída à supostas divergências de cúpula.

Para a líder da oposição na Câmara Legislativa, Eliana Pedrosa (DEM), neste primeiro trimestre do governo Agnelo, faltou planejamento. Ela acredita que nem os hipotéticos embates de líderes, nem a enorme base de governo na câmara, foram empecilho para a gestão de Agnelo. “Essas questões até agora não atrapalharam em nada. Todos os projetos que o Executivo considerou importantes, foram votados”, avalia. Eliana ainda diz que como a oposição é pequena, é fato haver um “rolo compressor” da base governista, que tem 19 deputados, contra a oposição que tem cinco.

Com uma base tão “diversificada”, não é difícil entender que há muito mais morosidade nos pontos de negociação. São confrontados números maiores de divergências, como pontos de vistas e interesses. É necessária coesão para que haja celeridade política. Uma base tão ampla, com certeza, não representa uma ideologia.

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