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Relatório do Detran revela 38 multas por hora na capital do país

Publicado em: 20/03/2011

Fonte: Correio Braziliense:

Adriana Bernardes

 

Desrespeito e imprudência: do total de veículos notificados por abuso de velocidade no Distrito Federal entre janeiro e novembro de 2010, quase metade trafegava a até 79km/h

A cada hora, cerca de 38 veículos são flagrados por pardais acima da velocidade permitida. O desrespeito maior ocorre entre as 14h e as 16h, e os condutores são multados com maior frequência quando trafegam entre 70km/h e 79km/h. Mas existem exceções e elas são preocupantes. Tem motorista no Distrito Federal agindo como se estivesse em uma pista de corrida. Ao longo do ano passado, 21 veículos foram fotografados seguindo entre 140km/h e 149km/h. É o que revela um relatório sobre os flagrantes dos 130 equipamentos instalados nas vias da capital do país.

O documento a que o Correio teve acesso com exclusividade contabiliza o número de carros, motos, ônibus e caminhões que passaram pelos 130 pontos monitorados pelos equipamentos eletrônicos. Revela ainda quantos foram multados por hora e por faixas de velocidade — foram criadas 11. Entre janeiro e 30 de novembro do ano passado, 616.804.673 passaram por locais monitorados pelas câmeras de vigilância e, desses, 297.073 (0,048%) acabaram multados por trafegar acima da velocidade permitida.

Veja o infográfico

A consequência mais grave para quem não respeita os limites das pistas é sua própria segurança e a dos outros. Diretor do Instituto de Medicina Legal (IML) da Polícia Civil do DF, Malthus Galvão explica que, quanto maior a velocidade maior a chance de lesões graves e morte em acidentes. A conta é uma regra básica de física, ensinada ainda no ensino fundamental. “A energia de um corpo em movimento é resultado da equação da massa vezes a velocidade ao quadrado dividida por dois. Portanto, cada vez que você dobra a velocidade quadruplica a energia do corpo e, consequentemente, as chances de lesão e de morte aumentam na mesma proporção”, explica.

Na avaliação de Galvão, há uma grande chance de os veículos flagrados a mais de 140km/h estarem sob a condução de motoristas alcoolizados. “Qualquer um pode ser pego a 70-79km/h numa via de 60km/h. Mas, a 140km/h, esse cara está fazendo estripulia na rua”, avalia.

“Pegadinha”

Segundo José Bezerra, do Detran, motoristas do DF repetem as infrações

Na avaliação do diretor-geral do Detran, José Alves Bezerra, os dados desmentem o discurso de parte dos motoristas de que o órgão promove uma indústria de multas no Distrito Federal. “Menos de meio por cento dos veículos que passam por pardais são multados. Quem comete infração é uma minoria. Se a gente analisa o perfil dos condutores, descobre que essa parcela da população desrespeita as leis de trânsito de forma contumaz. E são esses que alardeiam a suposta indústria da multa”, rebate.

O argumento não convence o empresário Cláudio*, 45 anos. Ele diz que, na última consulta que fez ao sistema do Detran, havia em torno de 70 pontos na sua carteira de habilitação, a maioria deles por excesso de velocidade. “No mundo de hoje, todo mundo vive correndo. Tem um pouco de distração, mas existe muita pegadinha desses pardais”, afirma. Perguntado sobre o que ele chama de “pegadinha”, Cláudio citou trechos como o do início do Eixo Monumental. “Você vem pela Epia (Estrada Parque Indústria e Abastecimento) a 70km/h e, quando chega no Eixo, a velocidade cai para 60km/h e tem um pardal logo no começo. Já perdi a conta do número de vezes que fui pego ali”, reclama.

Dos veículos flagrados acima da velocidade permitida, quase metade — 158.815 — foram flagrados trafegando a 70-79 km/h. Desse total, 25.080 veículos (15,7%) desrespeitaram a sinalização entre as 14h e as 16h. A quantidade de veículos a 130 km/h-140km/h também chama a atenção: 118 entre janeiro e novembro passado.

Quem é multado quase sempre tem uma desculpa. Moradora de Sobradinho, Lúcia*, 25 anos, estuda no Plano Piloto e diz que boa parte das multas por abuso de velocidade e avanço de sinal é para garantir a própria segurança. “Volto para casa à noite e sozinha. Não fico dando bobeira. Prefiro pagar a multa a ficar parada no trânsito ou andando muito devagar. Mas também não saio feito louca por aí”, justifica.

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