Sem poder mostrar uma única grande obra de seu governo, Jair Bolsonaro cumpriu agenda nesta sexta-feira (18) no Pará, onde inaugurou um pedaço de asfalto na rodovia BR-230, na Transamazônica, e entregou títulos de terras rurais para colonos. A semana passada ele inaugurou uma pinguela construída pelo Exercito.
Aproveitou para gastar dinheiro público, usando a estrutura da TV Brasil para fazer comício de campanha transmitindo ao vivo.
“Além do batalhão de seguranças, ministros, agregados e convidados especiais, como o empresário religioso Silas Malafaia e o chefe da AGU, André Mendonça, a comitiva presidencial que acompanhou Bolsonaro no comício promovido nesta sexta-feira em Marabá, no Pará, contou também com uma equipe da TV Brasil, a emissora oficial do governo, para fazer a transmissão ao vivo.
No palanque armado para o presidente fazer a distribuição de títulos de propriedade rural a pequenos agricultores, estava também o onipresente presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, uma espécie de mestre de cerimônias da campanha pela reeleição.
Enquanto discursava, Guimarães chamou o presidente para receber três presentes. Um deles era uma camiseta verde-amarela da campanha, exibida por Bolsonaro para as câmeras, em que se lia: “É melhor já ir se acostumando. Bolsonaro 2022”.
A nova estratégia da campanha antecipada, sem disfarces, foi discutida na terça-feira numa reunião ministerial no Palácio do Planalto, depois de uma apresentação feita por Fábio Faria, das Comunicações, com diferentes cenários sobre o roteiro eleitoral de Bolsonaro, como informa a coluna Radar, da Veja.
Durante duas horas de conversa, em que só se falou da eleição de 2022, o comitê eleitoral tratou Lula como o candidato preferencial a ser enfrentado em busca da reeleição.
“Para o governo, a polarização com o petista é o meio mais seguro de o presidente resgatar os votos dos bolsonaristas arrependidos, hoje assustados com as loucuras do presidente”, relata a revista.
Como se tivesse sido ensaiada, a claque presente ao evento em Marabá, todo mundo aglomerado e sem máscaras, não parava de gritar “Lula, ladrão, o seu lugar é na prisão” em cada pausa dos discursos. O mais inflamado foi o do bispo Malafaia, que apoiou Lula em 2002, e agora faz parte da tropa de choque evangélica do capitão.
“Corrupto, bandido que saqueou esse país não vai mais enganar o povo brasileiro. Esses são os verdadeiros genocidas”, afirmou, sem citar nomes, e prometeu: “Declaro que vão vir tempos de benção e prosperidade sobre o Brasil. Presidente Bolsonaro, os seus inimigos não prevalecerão contra você. Você com Deus é maioria sempre”.
Em ritmo de campanha, o presidente esteve também na noite de quarta-feira no pagode da festa de aniversário do secretário do Esporte, Mario Magalhães, padrinho de casamento de Flávio Bolsonaro. O local foi fechado para convidados da festa e Bolsonaro, de terno e sem máscara, posou junto com a banda de pagode.
No momento em que o país está se aproximando das 500 mil mortes na pandemia, a vida para Bolsonaro tem sido uma festa, entre uma e outra motoceata, em plena campanha pela reeleição.
Como ainda falta mais de um ano para a abertura das urnas eletrônicas, alguém poderia perguntar quem vai governar o país até lá. Sem descer do palanque desde 2018, o capitão Bolsonaro é que não será. Para ver o presidente em suas andanças pelo país, bastará sintonizar a TV Brasil. Será que o Tribunal Superior Eleitoral está vendo tudo isso? Vai tomar alguma providência, ou só investigará a campanha antecipada depois das eleições?.
Com a palavra, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
Vida que segue”.