A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil prendeu seis pessoas em uma operação deflagrada na manhã desta quarta (29). A operação batizada de “Gota d’água” investiga um esquema fraudulento entre uma associação e a Secretaria de Educação e com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda em 2004. De acordo com as investigações, a fraude chega a quase R$ 20 milhões, mas o rombo pode ser ainda maior.
De acordo com o delegado Fábio Santos, a investigação começou quando o setor de prestação de contas da Secretaria de Educação identificou diversas irregularidades nas contas da creche Gotinha de Luz, mantida pela Associação Assistencial de Santa Maria. Os dados foram repassados para a promotoria de fundações que solicitou abertura de inquérito.
Foram presas nesta manhã a presidente da associação Marieta Cortez Ferreira, a co-fundadora Eunice Alves da Silva Costa, dois representantes do conselho fiscal, Miraci Oliveira Marques e Paulo Henrique Braga Barbosa, e dois diretores, Tatiana Cortes e Ferreira (filha da presidente) e Roberto Airton Rodrigues Braga.
O GDF disse que vai aguardar a conclusão das investigações para se pronunciar.
A fraude – De acordo com o diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, a creche que funcionava em 2011 em Santa Maria, dizia atender um número superior de alunos ao GDF para receber mais recursos. Segundo as investigações, o convênio de prestação de serviços entre a associação e a Secretaria de Educação durou de 2004 a 2011. Durante este período, mais de 80% do valor repassado para realização dos serviços era desviado para outros fins.
A polícia identificou depósitos e transferências de valores da conta da creche direto para contas pessoais dos gestores da associação. Os presos faziam saques e transferências bancárias da associação para contas particulares. Em um único dia, chegaram a retirar R$ 100 mil. A investigação agora deve apurar se outras pessoas se beneficiaram com o esquema fraudulento. Os detidos devem cumprir cinco dias de prisão preventiva até que a polícia investigue e confronte as versões.
Fraldas no açougue – Segundo policiais que participam da operação, cerca 80% das notas fiscais enviadas ao GDF na prestação de contas eram falsas, emitidas por empresas que não prestavam serviço para a creche. Entre elas, há a de um açougue que diz ter vendido 1.900 pacotes fraldas descartáveis e 280 kg de sal para a associação. Há ainda a suspeita de pagamento de palestra sobre orientação sexual para os alunos, sendo que a creche atendia crianças de até 3 anos.
Xavier disse que a polícia continua investigando para saber se houve desvios superiores a esses R$ 19 milhões, além de fraudes envolvendo outras associações. "Esse é o valor que conseguimos comprovar. Não podemos descartar a possibilidade de um desvio maior, nem de haver contratos com outras associações", disse.