Anistia Internacional pergunta a Agnelo Queiroz “Onde está o Antônio?”

Publicado em: 06/12/2013

Em ofício encaminhado diretamente ao governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz, a Anistia Internacional externou preocupação com a lentidão do processo de investigação sobre o desaparecimento do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, visto pela última vez durante uma abordagem policial em Planaltina, no Distrito Federal, na madrugada de 27 de maio.

No documento, a entidade, que atua pelos direitos humanos de forma global, estando presente em mais de 180 países, pede ainda que o governo repasse informações e tome providência sobre o caso.

Por e-mail, a assessoria do GDF informou que "não existe nenhuma correspondência da Anistia Internacional direcionada ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz", mas caso a assessoria não monitore a internet, o documento circula nas redes sociais desde o dia 2 de dezembro.

Antônio – A investigação sobre o desaparecimento teve início apenas 90 dias depois de a família prestar queixa. A corregedoria da Polícia Militar abriu sindicância para ouvir os policiais militares envolvidos na detenção de Araújo, mas não revelou o resultado da apuração. “Estamos preocupados com a lentidão do processo de investigação do caso e a falta de informações, o que é mais grave, tratando-se do desaparecimento de um cidadão que estava sob custódia de agentes do Estado (policiais militares)”, diz o documento da Anistia.

Segundo os policiais militares que atuaram no caso, Antônio tinha sintomas de embriaguez e foi levado à 31ª delegacia de polícia, em Planaltina, após suspeita de ter entrado na chácara de um sargento da PM. Ele foi liberado após verificação de ficha criminal, não aceitou carona e saiu da delegacia a pé, sozinho, segundo o relato dos policiais.

No dia 21 de novembro, a polícia encontrou uma ossada com uma bermuda e uma cueca, em Planaltina que pode ser de Araújo, segundo familiares, que reconheceram roupas que estavam junto com os restos mortais. Os familiares aguardam agora o resultado de exame de DNA. A Polícia Civil informou que o resultado demora até quatro semanas.

Investigação – A família registrou o desaparecimento do auxiliar de serviços gerais no dia 27 de maio. O inquérito na 31ª delegacia de polícia, que inicialmente cuidou do caso, só foi aberto no dia 16 de julho. O caso foi para a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) no dia 5 de agosto.

Em 26 de agosto, mais de 90 dias depois do desaparecimento, a Polícia Militar também instaurou inquérito para investigar se os dois sargentos e quatro cabos envolvidos na abordagem a Araújo cometeram algum tipo crime. O inquérito foi remetido à Justiça no dia 25 de outubro, com pedido de retorno e sem conclusão.

Para o delegado Leandro Ritt, da DRS, responsável pelo caso, a principal hipótese para o desaparecimento de Araújo era abandono do lar. Ele afirmou que, apesar de não ter tido "comportamento de ladrão" ao entrar na chácara do policial militar, Araújo é uma pessoa "desorientada" por causa do alcoolismo.

“Ele tem um quadro condizente com o das pessoas que desaparecem, que simplesmente desaparecem por vontade própria. É o abandono do lar. Quem sabe ele está perdido nesse mundo afora? Muito provavelmente. Uma pessoa alcoólatra sumir, ganhar o mundo, é muito comum. É o que mais você vê”, falou Ritt em setembro.

Desde o início da investigação, a Polícia Militar não se pronunciou sobre o que poderia ter acontecido com Antônio de Araújo.

Com informações do G1.

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