Marcha das Vadias do DF diz não ao machismo e à homofobia

Publicado em: 23/06/2013

Neste sábado (22) a Marcha das Vadias do Distrito Federal foi pelo terceiro ano consecutivo percorrendo as ruas de Brasília, em protesto contra o machismo e a homofobia, representados principalmente por dois projetos recentemente aprovados por comissões da Câmara dos Deputados: o Estatuto do Nascituro, também conhecido como “Bolsa Estupro”, que prevê uma bolsa de assistência para mães que não abortarem filhos concebidos em estupros e o “PDC da cura gay”, que autoriza psicólogos propor tratamento contra a homossexualidade.

 

Após a concentração em frente à Rodoviária do Plano Piloto, cerca de três mil pessoas presentes, segundo estimativas do 1º Batalhão da Polícia Militar, caminharam pelo centro de Brasília. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) esteve na Marcha e criticou o “Bolsa Estupro”, que para ela, trata-se de uma proposta que fere os direitos da mulher. “Dá mais direito para um amontoado de células do que à própria mulher”, disse Kokay.

 

Durante o protesto, um fotógrafo e outros dois homens foram expulsos da marcha, após criticar as manifestantes. Ele chegou a pedir desculpas, mas acabou expulso. Outros dois homens que acompanhavam a marcha saíram debaixo de buzinas e gritos de guerra. As manifestantes não explicaram o motivo da expulsão.

 

Marcha DF – Segundo a organização da Marcha das Vadias no DF, o protesto começou com demandas pela autonomia da mulher e este ano foi às ruas em busca de “direitos ameaçados por políticos, igrejas e lideranças religiosas se aproveitam da fé das pessoas para oprimir mulheres, homossexuais, negros e outras minorias políticas”.

 

O movimento luta pela liberdade de rótulos e “de qualquer tentativa de opressão e controle às nossas vidas, à nossa sexualidade e aos nossos corpos”. “Se ser livre é ser vadia, então somos vadias! E seguiremos lutando até que todas sejamos livres!”, diz o grupo em sua página do facebook.

 

Para o movimento, o “Estatuto do Nascituro quer aumentar o controle das religiões e do Estado sobre os corpos das mulheres e legitimar o estupro. Se for aprovado, vai impedir o aborto em casos de estupro e de risco de vida para a mãe, que já são permitidos por lei, além de dar direito de paternidade ao estuprador, forçando a mulher e a criança a conviverem com ele”.

 

Protestos recentes – Com relação aos protestos que vêm se multiplicando no país, a Marcha das Vadias do DF divulgou nota emitindo seu posicionamento em que repudia os conservadores que se infiltraram no movimento progressista. “Nos assusta perceber, nos protestos recentes em que temos participado, a quantidade de gritos homofóbicos, machistas, racistas, elitistas e reprodutores de vários outros preconceitos que são entoados em coro. Já vimos cartazes pedindo a volta da Ditadura Militar e comentários agressivos e desrespeitosos quanto a indígenas e moradorxs de periferia que participavam do protesto”, diz a nota.

 

O movimento denunciou ainda que em protestos recentes, integrantes da Marcha das Vadias-DF foram assediadas por manifestantes, bandeiras de partidos e de movimento negro foram queimadas, manifestantes partidários foram agredidos verbal e fisicamente.

 

“Essa reprodução generalizada de discursos opressores e hegemônicos nos preocupa. E, por isso, trazemos aos movimentos a necessidade de promover esse e outros debates, para que a indignação coletiva não sirva de massa de manobra para manifestações fascistas a interesse dos setores mais conservadores e poderosos do país. As lutas históricas dos movimentos sociais do DF não podem ser invisibilizadas por discursos genéricos e despolitizados”, diz a Marcha DF.

 

Com informações da TV Globo e da Marcha das Vadias DF. 

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