Corpos de bebês são trocados por engano no Hospital de Brazlândia

Publicado em: 20/05/2013

No início deste mês, um erro na liberação dos corpos de dois bebês mortos no Hospital Regional de Brazlândia (HRB) provocou revolta e indignação a duas famílias. Segundo informações do Jornal de Brasília, um supervisor de emergência da unidade teria se enganado e trocado os bebês natimortos, que tinham pesos diferentes e estavam na câmara fria da unidade de saúde, identificadas e aguardando a liberação. O servidor foi exonerado no dia 6, após a Secretaria de Saúde do Distrito Federal considerar a conduta dele uma falha grave e irresponsável. 

O erro só foi descoberto um dia depois da liberação de um dos corpos, quando uma das mães, que não teve o nome divulgado, sem saber o motivo da morte da filha, pediu para que exames fossem feitos a fim de esclarecer a causa. Ao ver o bebê, ela não o reconheceu e informou que havia algo errado e pediu esclarecimentos à direção do hospital, que não soube explicar o que havia ocorrido. 

No mesmo dia, a outra mãe, Eliete Pereira Braga, moradora do vilarejo de Taboquinha, no município de Padre Bernardo em Goiás enterrou a outra criança. A mulher contou que a direção do hospital entrou em contato com ela, explicou a troca e informou que seria necessário exumar o corpo da criança enterrada. “Acredito que o responsável não agiu de má-fé, mas como minha filha estava com a pulseirinha de identificação, eu fico me perguntando como foi que ele não enxergou isso. É algo muito doloroso e que me deixou sem chão”, lamenta. 

Atípico – Para o secretário-adjunto de Saúde, Elias Miziara, o episódio é um caso atípico. Ele informou que foi aberta uma sindicância para apurar o caso. “É um fato lamentável e que não deve mesmo acontecer. O que podemos afirmar é que o erro não foi do sistema público de saúde e sim de uma pessoa”, afirmou. 

Segundo Miziara, a pasta abrirá uma investigação para descobrir a causa das mortes. No atestado de óbito a causa consta como “morte fetal não identificada”. Outra circunstância que não ficou esclarecida em relação à troca é a questão de as crianças terem pesos diferentes. A filha de Eliete tinha três quilos e a outra criança tinha 1,6 quilo. 

A Secretaria de Saúde afirmou que vai prestar apoio jurídico e psicológico às famílias e garantiu que irá arcar com os gastos do sepultamento da filha da moradora de Padre Bernardo. A liberação do corpo, segundo a direção do HRB será na próxima terça (21). O primeiro sepultamento foi arcado pela prefeitura do município da cidade goiana. 

Parto demorado – A família diz não saber para onde recorrer e o pai de Eliete, o lavrador Antônio Pereira Braga, disse que nenhum médico quis falar com a família para esclarecer a morte. “A gente pediu informação e ninguém soube nos falar o que foi”, reclama. 

A mulher conta que a filha nasceu no dia 18 de abril, e que ela passou por dois hospitais. Houve uma grande demora para o parto. “Primeiro, a ambulância me levou para o hospital de Padre Bernardo. Lá, fiquei durante um tempo, e os médicos decidiram me mandar para Brazlândia. Chegando no HRB, fiquei mais um bom tempo aguardando e quando fui atendida já era tarde demais”, lamenta Eliete contando que recorda não ter escutado choro da criança ao nascer. 

A mãe da criança cobra providências sobre o motivo da morte, porém, afirma estar impossibilitada de acompanhar o caso, pois mora longe do hospital e não tem condições de ver de perto as investigações da Secretaria de Saúde. 

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