Servidores do HRAN fotografam comida estragada servida em cantina da unidade

Publicado em: 18/11/2012

Neste sábado (17) Câmara em Pauta recebeu fotos de comida estragada, servida na cantina do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Segundo os funcionários, foi servida uma panqueca de carne com larvas de mosca. Eles contam ainda que não é a primeira vez que isso acontece e que na última quarta (14) uma residente passou mal após comer. 

A fornecedora da comida de funcionários e pacientes do HRAN e do restante da rede pública de saúde é a Sanoli Indústria e Comércio de Alimentação e não é a primeira vez que é denunciada, não só pela qualidade – ou falta dela – da comida, mas já desfilou pela imprensa por suposto envolvimento em esquemas de corrupção. Em 2010, a empresa foi acusada de pagar propina ao governo do Distrito Federal, na gestão de José Roberto Arruda, para a manutenção de contratos. O governo de Agnelo Queiroz mantém a empresa como fornecedora.

 

Relatos – Na noite de sábado pelo facebook, uma das funcionárias de plantão no HRAN postou a foto do lanche com larva de mosca. Em seguida nossa reportagem foi convidada para ver o diálogo que se seguiu. “Super recorrente encontrarmos "brindes" na comida mal servida e superfaturada da Sanoli”, comenta na foto a enfermeira Daniela Mendes, que afirma ter mais fotos com outros tipos de “cortesias”.

 

Encontrar larvas, segundo os funcionários, não é raro. Algumas pessoas relatam que nem comem mais a salada servida, por conta da incidência de lagartos e outros insetos. “Normalmente encontramos os bichinhos nas folhagens das saladas, tipo minhocas, lesmas. Hoje foi larva de mosca varejeira no recheio da panqueca”, relata Daniela. Outra reclamação de funcionários é com relação ao preço, que é ainda mais caro para quem não está de plantão: cerca de R$ 15,00 pela refeição e R$ 10,00 por um lanche, sem direito a repetir.

 

Sanoli – A empresa detém o maior contrato da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, segundo dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (SIGGO). Em 2010, a Sanoli teria doado R$ 255 mil à campanha de Arruda. Antes disso, em 2008, após o fim de um contrato de cinco anos, no valor de R$ 59, 1 milhões. O contrato foi prorrogado, sem licitação, por um ano, e a Sanoli recebeu mais R$ 64,6 milhões dos cofres públicos para continuar prestando os mesmos serviços, tratados como eventuais.

 

Ao final dessa contratação, justificada como “eventualidade”, a empresa conseguiu, no final de 2009, o acerto de um contrato emergencial até 15 de maio de 2010. Novamente o acerto com o GDF dispensou licitação e prevê gastos de R$ 35 milhões, segundo o SIGGO.

 

A Sanoli também é uma das empresas citadas nos vídeos de Durval Barbosa na operação Caixa de Pandora da Polícia Federal. Nas imagens, o lobista Renato Malcotti, apontado pela PF como um dos operadores do esquema de corrupção no DF, revela que os responsáveis pela pasta da Saúde exigiam uma porcentagem "fora da realidade" para garantir fraudes em licitações e diz que estaria operacionalizando o contrato da Sanoli e de outras empresas.

 

A Sanoli também é citada em uma planilha elaborada pelo ex-presidente do PSDB-DF, Márcio Machado, supostamente o mentor da arrecadação ilícita para a campanha do governador em 2006. O manuscrito indica que a campanha de Arruda abordou pelo menos 41 empresas para conseguir doações e abastecer seu suposto “caixa 2” com R$ 11 milhões. A empresa é citada como doadora de R$ 255 mil. 

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