Segundo pesquisa feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os servidores públicos do Distrito Federal têm a maior média salarial no início de carreira: R$ 3.713, o que significa dizer que ganham pelo menos R$ 1.000,00 a mais do que no resto do país. O levantamento considerou dados de até maio deste ano e a maior diferença foi registrada nas áreas de saúde, educação e segurança.
A pesquisa do IBGE também aponta que, entre os servidores do DF, aqueles que estão ligados direta ou indiretamente às áreas da Saúde, Educação, Serviços Sociais, Defesa/Segurança Pública e Seguridade Social são os que recebem melhor, registrando média de R$ 3.000 a R$ 3.700, e que as pessoas que dependem do comércio ou realizam trabalhos domésticos têm os piores salários do Brasil, recebendo valores que variam de R$ 700 a R$ 1.300.
Os profissionais do DF também levam a melhor na comparação entre servidores públicos e os da iniciativa privada, que recebem quase R$ 4 mil, enquanto que os trabalhadores do setor privado recebem cerca de R$ 1.300 mensais, independente de ter ou não carteira de trabalho. Já os profissionais autônomos, que trabalham por conta própria sem estar vinculados necessariamente a alguma empresa recebem em média R$ 1.500, valor que pode variar de acordo com a época do ano.
Garantias – Segundo o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Consef), Josemilton Costa, apesar de a categoria de servidores públicos receberem os salários mais altos, também é a que tem menos garantia nos casos de exoneração, o que motiva, por vezes, os indicativos e movimentos grevistas. “Nós não temos negociação coletiva, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), pagamento de hora extra, data base (renegociação de contrato) ou participação nos lucros”, diz.
Já Maurício Nicácio, professor universitário e especialista em regime jurídico do serviço público federal, explica que a perda de alguns benefícios para os celetistas, que são os servidores em relação aos profissionais da iniciativa privada com carteira assinada, é suprida por uma série de benefícios que os celetistas não têm, como a estabilidade, a aposentadoria com teto fixado pela Constituição.
Ainda segundo ele, o cenário favorece os altos salários. “A economia do Brasil gira em torno do serviço público e aqui é a capital do País”, diz o professor, ressaltando que no DF não há tantas opções e oportunidades que as de outras regiões. “Existem somente duas opções: ou vira servidor público ou, via de regra, trabalha na iniciativa privada, que quase sempre é bem menos vantajoso, principalmente no quesito salário, qualidade de vida e estabilidade”, explica.