A defesa do psicanalista Heverton Octacílio de Campos Menezes, acusado de injúria racial contra uma atendente de cinema alegou à Justiça, por meio de sua defesa, que teve a sua condição de idoso desrespeitada por não ter sido dado a ele o atendimento preferencial. O episódio ocorreu em abril deste ano em um shopping da Asa Norte, quando Everton tentou furar a fila, a atendente impediu e foi ofendida.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), a defesa do psiquiatra pediu a absolvição dele no processo. O juiz que julgou o pedido na 2ª Vara Criminal de Brasília afirmou não ver “qualquer das hipóteses” que autorizem a absolvição sumária do médico e indeferiu o pedido de decretação do segredo de justiça do processo, que havia sido solicitada pelos advogados de Menezes.
Idoso – A defesa de Menezes também pediu à Justiça que os autos retornassem a delegacia para corrigir a omissão, no inquérito, sobre a faixa etária do médico, alegando que a conduta da bilheteira também deveria ser apurada, pois Menezes teria sido tratado como um “rapaz de 40” anos e, segundo os advogados, é um idoso.
Em maio, após prestar depoimento na 5ª Delegacia de Polícia, o médico afirmou que a situação na fila do cinema foi um “lamentável episódio e mal entendido” e relatou que trabalhou em missão médica na África durante um ano. “Ainda me tranquiliza declarar que tenho colaboradores e pacientes afrodescendentes, aos quais tenho dado grande parte da minha vida profissional”, disse.
O caso – A atendente do cinema, Marina Serafim dos Reis, foi ofendida por Everton por tê-lo impedido de passar na frente de duas pessoas na fila do cinema, alegando estar atrasado para a sessão. “Disse que eu era muito grossa que era por isso que eu tinha essa cor, que eu estava no lugar errado, que ali não era meu lugar, que eu não devia estar lidando com gente, devia estar lidando com animal. E disse também que eu não deveria estar morando aqui, que eu deveria estar morando na África, cuidando de orangotangos”, relatou a moça.
Após os insultos, clientes e funcionários do estabelecimento chamaram os seguranças, mas Menezes conseguiu fugir e foi identificado com auxílio das imagens das câmeras de segurança do shopping. De acordo com o delegado da 5ª DP Marco Antônio de Almeida, Menezes foi indiciado por injúria discriminatória porque não havia dúvidas de que o crime foi cometido.
Almeida afirmou que este é o décimo procedimento policial movido contra o médico desde 1994. “Já teve por injúria, desacato e lesão corporal de grau leve. É a segunda por injúria racial. A primeira foi em 2002. Ele estava em uma fila e uma moça quis organizá-la dando preferência a gestantes e idosos. Ele perguntou a ela se aquela era a República das Bananas”, explicou.