Segundo dados de um estudo divulgado nesta terça (13) pela Secretaria de Trabalho do Distrito Federal, o rendimento médio por hora dos negros e pardos assalariados do Distrito Federal é menor para todas as ocupações, em comparação com os não negros. No setor de serviços, a diferença no salário médio chega em 33,8% em 2011, com a renda média de negos e pardos em R$ 12,95 por hora de trabalho, enquanto os não negros, R$ 19,57.
A diferença entre os salários, na média total, fica em 17,9%. No setor de indústria, a diferença é de 7,76%; no comércio, 23,7%; na construção civil, 25,7%; doméstico, 1,17%. O setor que teve menor diferença de salários foi o de serviços domésticos, com 1,17%, mas o analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Daniel Biagioni, alerta que a pequena diferença não se deve a diminuição de desigualdades. “A diferença de renda é pequena, pois quase todos que trabalham nesse setor são negros”, explica.
Além das diferenças raciais, o estudo também mostra que o gênero também é um fator que influencia na renda. As mulheres chegaram a receber até 23,88% a menos que os homens no setor de serviços. Segundo o estudo, apesar da desigualdade entre os salários médios, as taxas de desemprego entre negros e não negros diminuíram nos últimos anos. O crescimento econômico e o aumento da renda cooperaram para a queda da desocupação 3,9% para os negros e 2,7% entre os não negros, em comparação com dados de 2009.
Qualificação – O estudo aponta ainda que a maioria dos trabalhadores negros se concentra em setores de atividades onde predominam postos de trabalho com menores exigências de qualificação profissional, remunerações baixas e relações de trabalho mais precárias, sendo, por consequência, menos valorizados socialmente.
Para Iraci Peixoto, gerente de estudos da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), essa posição dos negros nos setores se deve ao baixo índice de qualificação. “Não é apenas a relação da cor que está relacionada a essas diferenças, mas sim a desigualdade na qualificação e educação. Os negros entram com o mesmo salário que os não negros em um concurso público, por exemplo, mas eles não possuem qualificação suficiente para equiparar os salários”, afirma.