João Dias divulga vídeo recebendo dinheiro que diz ser do GDF, mas não mostra emissário

Publicado em: 06/10/2012

O policial militar João Dias da Silva, afirmou que recebeu R$ 150 mil de pessoas ligadas ao governo do Distrito Federal, para não falar sobre sua relação com o governador Agnelo Queiroz (PT). O soldado licenciado da PM por distúrbios psiquiátricos desta vez apresentou um vídeo como “prova”. No material caseiro, as imagens mostram o momento do recebimento do dinheiro, mas não mostram quem entrega o dinheiro. 

Segundo as novas denúncias do delator de suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte, nunca provado, na mesma semana veio outra remessa, desta vez de R$ 100 mil. O correto policial afirmou que pretende entregar o dinheiro às autoridades, o que ainda não aconteceu. Ele também não quis liberar as notas para perícia. 

O soldado afirmou que a primeira parte do dinheiro que recebeu é público, teria saído por meio de emenda do deputado distrital Agaciel Maia (PTC) e lhe foi oferecido por Paulo Tadeu, ex-secretário de governo e atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal e Territórios (TCDFT). “São R$ 150 mil vindos do cofre público de Brasília através do senhor Agaciel Maia, Paulo Tadeu e GDF [para] tentar me calar, de cooptar, de fazer acordo, de me prometer outros favores, de me dar cargos no governo”, disse Dias. 

Denúncia – As novas denpuncias de Dias vieram por meio de uma entrevista concedida ao repórter Vladimir Netto do DFTV. Dias foi procurado pela Rede Globo, depois que o carro que ele teria vendido para Agnelo em 2008 foi encontrado pela reportagem. Segundo o soldado, a venda do carro foi desfeita, porque Agnelo tinha receio de ser ligado, por meio do carro, a denúncias de corrupção no Ministério do Esporte. 

Dias contou à TV Globo que, um dia antes de os cheques para a compra do carro virem a público no mês de agosto deste ano, após Agnelo disponibilizar o sigilo bancário à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, ele teria recebido R$ 150 mil para ficar calado e não fizesse mais denúncias. 

Apuração – O Governo do Distrito Federal informa que “determinou abertura de procedimentos de apuração referentes às declarações do cabo da Polícia Militar João Dias”. Segundo o GDF, a Polícia Militar também está abrindo “procedimento apuratório disciplinar contra João Dias, e o policial será submetido a nova junta médica, já que se encontra há 420 dias afastado por causa de distúrbios psiquiátricos”. 

O Ministério Público Federal investiga o caso por meio de inquérito aberto no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em novembro do ano passado. João Dias, que já foi preso por suspeita de desvio de verbas do Programa Segundo Tempo, em 2010, será chamado a depor. Ele também responde a um auto de prisão em flagrante, dois inquéritos na Policial Militar e 12 sindicâncias. Dias está afastado da corporação para tratamento de saúde. 

Notas – Em nota, o GDF disse que “João Dias manipula informações para reconstruir a história em desfavor do governador Agnelo. É com indignação que lamentamos o fato de uma pessoa, acusada com base em fatos e não em versões por órgãos de fiscalização, de irregularidade lance denúncias infundadas”. 

Também por escrito, Agaciel Maia informou que as emendas apresentadas por ele obedecem criteriosamente à legislação. Ele disse ainda que condena o uso indevido do nome dele. 

Já Paulo Tadeu divulgou comunicado informando que nunca fez qualquer pagamento a João Dias, nem teve nenhuma negociação política com ele e que vai adotar as medidas legais contra o policial. Em agosto deste ano João Dias foi condenado a pagar R$ 40 mil de indenização por danos morais a Paulo Tadeu.

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