Depois de gastos de R$ 375.000 com seis carros de luxo para os membros da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o próximo “presentinho” deverá ser um tablet para cada deputado distrital. No caso dos carros, três deputados declinaram da benesse, lembrando que já recebem mensalmente a verba indenizatória, para cobrir esse tipo de gastos.
O estudo para viabilizar a compra dos computadores de mão está sendo feito e a intenção é aproveitar a renovação do contrato com a empresa de telefonia, o que significa que, além dos gastos com o equipamento, deverá ser contratado um plano de pacote de dados para, conectá-los à internet. Considerando os preços do equipamento e dos planos, o gasto da CLDF deverá ser superior a R$ 50 mil.
Transparência – Quem sabe assim as “excelências” resolvam trabalhar em prol da transparência do mandato, uma vez que nesta semana o projeto adote um distrital fez um levantamento que diagnosticou que o item está a desejar. A equipe elaborou um Índice de Transparência Parlamentar, que atribuiu uma nota de zero a dez, para que cada Distrital fosse avaliado em 32 quesitos, para verificar se existiam ou não em seus sites oficiais. A média ficou em impressionantes 2,5. Clique aqui para mais detalhes sobre o levantamento.
De acordo com o Adote um Distrital, os parlamentares do DF utilizam a internet principalmente para promoção pessoal. Dos 32 quesitos avaliados, os que tiveram melhor aderência por parte dos parlamentares foram aqueles que de certa forma são panfletos sobre a atuação parlamentar: redes sociais, que na maioria das vezes não é utilizado como uma forma de interação com os eleitores; e publicação das ações legislativas, normalmente como forma de notícia publicitária em seu site. Apenas Cláudio Abrantes (PPS) e Joe Valle (PSB) tiveram nota maior que cinco.
Vale lembrar que a Casa não cumpre os preceitos da Lei de Acesso à Informação e não publica o salário de seus funcionários de forma individualizada. Sem contar que muitos nem chegam a fazer as prestações de contas dos gastos da Verba Indenizatória, a despeito da lei específica para este item.
Austeridade – A despeito das críticas, o presidente da Mesa Diretora, cabo Patrício (PT) defendeu que “esta Mesa Diretora tem uma direção austera”. Para justificar gastos, ele sempre faz menção ao fato de que a Casa não ultrapassou os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com os gastos, como se isso fosse um grande feito e não o cumprimento de uma obrigação, por força de lei.
De acordo com o planejamento da Câmara, antes do final do ano os deputados já devem estar com o tablete disponível. Atualmente, cada parlamentar tem um “BlackBerry” cedido pela Câmara e com a renovação do contrato de telefonia, estes aparelhos também devem ser trocados. “Vou comprar tudo que for preciso para dotar a Câmara da estrutura necessária. E, mesmo assim, vamos chegar em 2014 com o menor índice de gastos da história, pois temos compromisso com o dinheiro público”, afirmou Patrício.
Consulta – Segundo o líder do GDF na Câmara, deputado Wasny de Roure (PT), antes da compra é aconselhável uma consulta aos parlamentares. “É preciso avaliar quem está engrenado nesta tecnologia, quem está disposto a mexer com ela. Se for instrumento de trabalho, não vejo problema, mas acho prudente indagar os colegas para ver quem vai usar de fato”, avaliou.
Já a líder do bloco de oposição, a distrital Eliana Pedrosa (PSD), afirmou que qualquer instituição que possa agregar tecnologia ao trabalho consegue melhorar o serviço. “Acho fundamental e, para a Câmara, é importante. Ainda não sei qual a ideia do presidente com a compra dos tablets, mas seria valioso se os deputados tivessem opção de pesquisar artigos, projetos e emendas, ali mesmo do Plenário, fosse com um computador ou com um tablet”, avaliou.
