Sem defesa, Cachoeira irá depor em Brasília, em audiência da Operação Saint Michel?

Publicado em: 31/07/2012

A audiência de instrução dos acusados de formação de quadrilha e tráfico de influência investigados pela Operação Saint-Michel está prevista para esta quarta (1º), na 5ª Vara Criminal de Brasília. Como a defesa de um dos oito réus do processo, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deixou o caso nesta terça (31), não há uma definição. Mesmo sem defesa, ele pode continuar calado, como tem feito. 

Além de Cachoeira, são réus na ação Cláudio Abreu, o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste; Heraldo Puccini Neto, diretor da construtora em São Paulo; Gleyb Ferreira da Cruz, auxiliar do bicheiro; o ex-assessor da Secretaria de Planejamento Valdir Reis; os acusados de lobby Dagmar Alves Duarte e o vereador Wesley Clayton da Silva (PMDB); além de Giovani Pereira da Silva, que seria o contador do bando e está foragido. 

Todos são acusados de tramar para controlar o sistema de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo do Distrito Federal e cada um deles tem o direito de arrolar até oito testemunhas de defesa. 

Defesa – As testemunhas de defesa de Cachoeira foram indicadas pelos ex-advogados no bicheiro — o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e Dora Cavalcanti e devem depor via carta precatória da Justiça local de onde moram, pois estão fora do DF. Belchior Carlos Ferreira que está em Araxá (MG); Arnaldo de Souza Teixeira Júnior, João Bosco Machado, Frederico Dutra Medeiros, Carlos Galvão Victor, Fábio de Moraes Rosa todos em Anápolis (GO); e Rejane Gomes Bucar, de Palmas (TO). 

Testemunhas – Primeiro devem depor as testemunhas arroladas pelos promotores do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Entre os convocados, estão o secretário de Transportes, José Walter Vazquez; o ex-diretor administrativo-financeiro do DFTrans, Milton Martins de Lima Júnior, que foi afastado do trabalho depois que as denúncias vieram à tona. Milton é citado em conversas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que deu origem a Saint-Michel do MPDF e Polícia Civil do DF. Ele seria um dos contatos do esquema liderado por Cachoeira. 

Acusação – Segundo as investigações, o grupo tramava fraudar o processo de seleção do DFTrans, sem licitação e em benefício da Delta, em um negócio avaliado em R$ 60 milhões. Valdir Reis, um dos réus, teria recebido R$ 50 mil, para que Valdir Reis intercedesse, pois tinha boas relações com o secretário de Transportes e com outro réu, Milton Martins. 

Na Operação Saint-Michel, os policiais civis do DF apreenderam um telefone celular de Gleyb em que há registro em foto da participação de Milton Martins numa reunião com empresários coreanos em Brasília. Ele nega envolvimento com o caso. A expectativa do grupo, segundo investigação, era fazer uma parceria entre a empresa EB-Card, com expertise no setor de bilhetagem, e a Delta Construções, sem experiência no negócio. A investigação também descobriu no computador de Valdir dos Reis uma minuta de licitação para bilhetagem eletrônica.

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