Saúde pública do DF enfrentará problemas até quando?

Publicado em: 06/07/2012

Dizer que a Saúde do Distrito Federal está em coma é um clichê, mas além de ser verdade,  este assunto está, a cada dia que passa mais corriqueiro. Câmara em Pauta já denunciou várias vezes a má situação do sistema público de saúde do Distrito Federal, mas desta vez a denúncia parte de um documento elaborado e enviado pela unidade de ginecologia e obstetrícia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) à direção do hospital aponta que 700 pacientes na fila de cirurgia esperam que haja profissionais.

A falta de médicos é um problema que o GDF tem tentado resolver com altos salários, também já dissemos isso aqui, mas de acordo com o sindicato da categoria, as condições precárias desestimulam candidatos. Além das vagas não ocupadas com contratação temporária, quatro dos profissionais aposentaram nos últimos três meses, aumentando o problema.

Nos plantões, onde deveria ter três médicos, dois fazem o trabalho e a falta de material de trabalho é mais uma pedra no sapato. Muitas vezes são os profissionais da área de enfermagem que fazem vaquinha para a compra de materiais como luvas cirúrgicas (+aqui).

No documento encaminhado à direção do Hran, os profissionais relatam ainda a falta assistência às mães na hora do parto e denunciam que, as escalas têm sido preenchidas com o remanejamento de médicos de outros setores. Como se diz no populacho, tira a roupa de um santo, para vestir outro.

Secretaria de saúde – Após a secretaria de Saúde tomar conhecimento da situação, veio uma resposta em gerúndio e no tempo futuro, por meio do secretário-adjunto de Saúde do Distrito Federal, Elias Miziara, que informou que foi iniciado o processo de contratação de médicos para reposição dos profissionais aposentados em toda a rede pública de saúde, mas estaria faltando a autorização da Secretaria de Administração Pública, para realização dos concursos, que devem ocorrer até o fim do ano.

Na mesma frase, Miziara negou e admitiu a falta de médicos no HRAN. “É importante entender que não há essa falta de médicos. Falta existe, pontualmente, em algumas especialidades e em alguns hospitais. No Hran, na área de ginecologia e obstetrícia, nós estamos mantendo sempre dois médicos de plantão durante o dia e três médicos durante a noite”, explicou.

Problemas – Mais uma vez, quem pondera sobre um provável diagnóstico para esses sintomas é presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Costa. Para ele, a falta de profissionais é que tem comprometido o serviço de assistência à população, o que causa até o óbito fetal. “O que está acontecendo é um mistério, não sabemos por que até agora essa situação não melhorou. Falta de recurso não é; falta de política, talvez. É questão gerencial. Está faltando capacidade gerencial”, disse Costa.

Enquanto o diagnóstico não chega e o tratamento não vem, sugerimos à Secretaria de saúde que tente arranjar ao menos paliativos, como o material para que os profissionais que atuam efetivamente encontrarem as mínimas condições de trabalho e a população que chega aos hospitais da rede pública do DF tenham acesso ao basilar dos primeiros socorros. Vale lembrar ainda que já denunciamos aqui algumas vezes, que na rede particular, a situação não tem sido muito mais confortável.

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