Nos próximos dias, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deve receber dados da operação Saint Michel, realizada em abril pela Polícia Civil e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A CPMI investiga a ligação de agentes públicos e privados com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
A operação Saint Michel foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, que levou Cachoeira e mais 35 pessoas à prisão e resultou na descoberta da tentativa do grupo comandado pelo contraventor de fraudar licitações de bilhetagem eletrônica no sistema de transportes de Brasília e região, em benefício da empreiteira Delta. De acordo com o deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), essas informações são importantes para a CPMI, porque abrem caminho para o acesso a dados bancário e fiscal da Delta Construções em âmbito nacional.
A quebra destes sigilos foi autorizada pela 5ª Vara Criminal de Brasília e inclui subsidiárias da empresa em outras partes do país além do Centro-Oeste. “A vinda das informações dessa operação para a CPI vai comprovar que os diretores regionais Cláudio Abreu e Heraldo Puccini tinham autorização para operar as contas nacionais da empresa. Isso comprova a necessidade de se investigar a fundo a Delta nacional”, afirmou Lorenzoni.
Nesta terça (22), pela primeira vez, o relator Odair Cunha (PT-MG), reconheceu haver indícios de que Cláudio Abreu, ex diretor da empreiteira bo Centro Oeste, podia movimentar contas da empresa com sede no Rio de Janeiro. A quebra dos sigilos da Delta em âmbito nacional e a convocação do ex-sócio da empresa, Fernando Cavendish, foi um dos principais pontos de divergência entre parlamentares da base de apoio ao governo e da oposição na última reunião administrativa da CPMI realizada na última quinta (17) (+aqui).
Documentos – Nesta terça (22), Cachoeira compareceu à CPMI, mas ficou em silêncio (+aqui). Como há a possibilidade de outros depoentes fazerem o mesmo, os integrantes da Comissão têm ressaltado a importância das provas documentais na investigação. “Somente agora estamos começando a receber as quebras de sigilo aprovados na semana passada. Estão chegando mais provas e estamos recebendo também servidores, policiais federais e promotores que ajudarão no trabalho. Não podemos nos fiar apenas nos depoimentos. Chegando as provas, temos que dar conta delas e provar o vínculo desta organização criminosa com agentes públicos”, afirmou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Convocações – Após acordo que deixou de fora os governadores e a Delta, a CPMI aprovou na última quinta (17) a convocação de integrantes do baixo clero como Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que nas investigações da PF é citado em conversas telefônicas com integrantes da quadrilha de jogo ilegal comandada pelo contraventor. Segundo as investigações da PF, Monteiro teria recebido propina para favorecer a Delta em contratos de prestação de serviços com o governo relativo ao lixo urbano. Após as denúncias, Monteiro pediu demissão (+aqui). A CPI aprovou ainda outras 75 convocações de pessoas citadas nos inquéritos da PF, como Wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB de Goiânia.