Termina primeiro dia do Julgamento do caso Eloá

Publicado em: 14/02/2012

 

 

Por volta das 20h desta segunda (13) terminou o primeiro dia do julgamento do “caso Eloá” e deverá ser retomado às 9h desta terça (14). No banco dos réus, Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel em Santo André em 2008, por estar inconformado com o término do relacionamento entre os dois. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Logo após o término dos depoimentos, a advogada de defesa de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, afirmou que Nayara Rodrigues "simulou choro", num depoimento exagerado e mentiroso. “Teve dramatização demais, ela estava bem orientada, simulou choro”, disse. Sobre o cliente, a advogada vem repetindo que “Ele é um bom rapaz, é ingênuo”. Por fim, Ana Lúcia disse ter considerado satisfatório o resultado do primeiro dia. "Houve respeito ao direito de defesa, estou satisfeita com o amparo jurídico dado", disse.

Para os advogados de acusação, esta seria a tática da defesa. O advogado de Nayara, Marcelo Augusto de Oliveira afirmou que a defesa estaria desesperada e esta pode ser a estratégia usada pela defensora, para tentar arrumar alguma confusão durante o júri. Para ele, os depoimentos deixaram claro que Lindemberg tinha a intenção de matar Eloá desde o começo.

O advogado José Beraldo, representante da família de Eloá, avaliou que os depoimentos das quatro testemunhas desta segunda-feira foram coerentes. "Todos falam em situações parecidas, são falas complementares, que relatam o mesmo caso", afirmou.

Depoimentos – O sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro durante o sequestro, último a falar nesta segunda afirmou que Lindemberg atirou para matá-lo e que repetia que ia matar a todos e depois cometeria suicídio. Iago Vilera, um dos adolescentes que estava na casa de Eloá quando o acusado invadiu o local contou ter visto Lindemberg perseguir Eloá e encarar os amigos da jovem de forma ameaçadora, disse Vilera. Victor de Campos, outro dos amigos de Eloá presente no ato da invasão contou que Lindemberg disse que não estava de brincadeira e que atiraria em um dos reféns, para provar. "Ele dizia que ia fazer uma besteira. Me deu uma coronhada porque achou que eu tinha algo com a Eloá. O que me dava mais medo era ver meus amigos tomarem um tiro, acontecer alguma tragédia", disse.

Nayara Rodrigues disse ao júri que após o termino do namoro com Eloá, Lindemberg passou a odiá-la e que achava que ela influenciava negativamente Eloá. “Ele achava que ela tinha terminado o namoro por minha causa. Ele me odiava e odiava minha mãe", afirmou. Lindemberg foi retirado da sala a pedido da jovem. Durante o depoimento, Nayara chorou e contou emocionada que "Ele batia nela o tempo todo dentro da casa, não largava a arma".

Júri – O júri popular é composto por seis homens e uma mulher. Neste primeiro dia, foram exibidos vídeos pela acusação e pela defesa. A advogada do réu exibiu vídeos jornalísticos, mostrando a cobertura da imprensa ao caso e a invasão da Polícia Militar ao apartamento de Eloá, onde ela foi mantida refém por cinco dias. Entre as reportagens, entrevistas do réu logo após a prisão, em imagens divulgadas por uma emissora de TV, na qual ele diz que “gostaria de voltar o tempo”.

Também foram exibidas entrevistas com Nayara Rodrigues da Silva, mantida refém e baleada por Lindemberg, na qual diz que só efetuou os disparos após a entrada da PM no apartamento, contradizendo o depoimento dado hoje, que afirma que os tiros foram dados antes da entrada dos policiais.

O caso – Lindemberg Alves Fernandes é acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel e está sendo julgado pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, cárcere privado e disparo de arma de fogo. Os crimes foram cometidos entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008.

Inconformado com o fim do relacionamento, o rapaz sequestrou a namorada e Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, mantendo-as reféns por mais de 100 horas. Eloá tinha 15 anos e morreu em 18 de outubro, um dia depois de ter levado dois tiros, um na cabeça e outro na virilha, após os policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), que negociavam a libertação das reféns invadirem o apartamento de Eloá, onde o episódio se desenrolava. Nayara também foi atingida por uma bala no nariz durante a ação, mas sobreviveu.

Foto, Folhapress/AE.

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