Racismo e intolerância

Publicado em: 13/02/2012

 

 

No último domingo (12), a presidente do Conselho Regional do Serviço Social do Piauí, Maria José do Nascimento sentiu na pele o crime de discriminação racial. O episódio se desenrolou durante acidente de trânsito no bairro Cristo Rei na zona Sul de Teresina. Ela afirma que a agressora, a pensionista Maria de Jesus Carvalho lhe chamou de "negra macaca".

A vítima alega que, além das agressões verbais, sofreu agressões físicas da pensionista. A denúncia foi registrada na Delegacia de Combate às Práticas Discriminatórias, no Centro da cidade. O entregador José Filho testemunhou a agressão e separou a briga. "Eu tava fazendo uma entrega quando vi aquela confusão, cheguei perto e separei as duas. Elas estavam se estapeando", afirma José Filho.

Segundo os relatos, a colisão entre os veículos quando Maria de Jesus invadiu a preferencial e bateu no carro de Maria José. "Eu ia na preferência quando ela [Maria de Jesus] invadiu a preferencial. Eu dei sinal, buzinei, mas ela entrou do mesmo jeito. Quando ela bateu no meu carro eu perguntei se ela era louca. Ela desceu do carro e disse: 'você é que é louca sua negra macaca'", conta Maria José.

Maria de Jesus saiu do local antes mesmo da chegada da perícia, de acordo com o agente de trânsito que registrou a ocorrência, soldado Andrade. "A documentação do carro da Maria de Jesus está vencida desde 2010. Ela tava no local e ligou para um chefe dela. Ele teria mandado alguém tirar ela daqui e deixou um representante. Outro agravante: ela se evadiu e não se sabe se ela era habilitada, ou não", informa.

Macaco e negro-preguiçoso – No último mês de janeiro, os doutorandos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Orlando Santos e Valdinéa Sacramento também foram vítimas de discriminação racial, prestaram queixa na 1ª delegacia dos Barris.e tiveram a primeira audiência nesta segunda (13), mas a data foi remarcada para o dia 14/03.

De acordo com Orlando, após terminarem trabalhos acadêmicos, ele e Valdinéa, foram apara uma barraca no Largo dois de Julho, no Centro de Salvador. Estavam sentados batendo papo e um senhor que também estava no bar puxou papo e começou a narrar uma viagem que havia feito ao Gabão, no início da década de 70. “Após escutar o relato do senhor sobre o Gabão, procurei acrescer alguns elementos de contextualização histórica sobre o referido país, localizado na costa atlântica da região central do continente africano”, conta Orlando.

De acordo com os estudantes, outra pessoa que estava fora do papo entrou na conversa em tom agressivo, gritando que “os africanos é que começaram com tráfico de escravos, são eles os responsáveis pela escravidão”. Após isto, Orlando e Valdinéia pediram licença dizendo que iam sair da conversa e se afastaram. O intruso seria Lázaro Azevedo, morador da região, que passou das agressões verbais para as físicas e, segundo Orlando, estava visivelmente embriagado.

Mesmo depois que os estudantes se afastaram em direção ao prédio onde Valdinéia mora, Lázaro os perseguiu e chegou a dar um tapa no rosto da moça, que se desequilibrou e caiu. Eles entraram no prédio e o homem tentou invadir o edifício. “Não tendo sucesso, partiu para agressão verbal me xingando de macaco, negro preguiçoso e Valdinéa passou a ser a Negra Vadia. Prometendo vingança nos seguintes termos “vou te pegar negão e te fazer voltar pra tua terra, macaco”, conta Orlando.

Fotos, Evelin Santos.

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