Implantes de silicone serão rastreados

Publicado em: 08/01/2012

Uma decisão inédita e que deve dar muito que falar. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) vai cadastrar as mulheres que fizerem implante de próteses de silicone nas mamas já a partir desse mês de janeiro. Deste modo, todas serão rastreadas. A medida O objetivo é mapar as mulheres que colocaram ou retiraram próteses. O Cadastro Nacional de Implantes Mamários (CNIM) deve trazer dados como numeração, marca e motivos do implante e não envolverá órgãos do governo.

De acordo com a cirurgiã Wanda Elizabeth Correa, presidente da Comissão de Silicone da SBCP, o projeto é antigo. O planejamento teria começado há cerca de oito anos, mas foi em 2004, após um surto de contaminação por bactérias em mulheres que haviam implantado silicone na região de Campinas que a discussão ganhou mais espaço. Como não havia nenhum tipo de ferramenta de identificação das cirurgias feitas, a localização de mulheres que poderiam ter tido problemas com suas próteses foi bastante difícil. Ainda hoje o problema persiste e o CNIM pretende mudar isso.

Wanda Elizabeth relata que o projeto é antigo e que a Comissão de Silicone dedicou anos de trabalho, pesquisa e projetos para definir a maneira de cadastrar essas mulheres, para que houvesse uma forma de controle. Uma empresa já foi contratada para operar o sistema através do banco de dados da SBPC e os cirurgiões oplásticos já estão sendo cadastrados para fornecer os dados das pacientes ao novo sistema.

Rastreio – O projeto deve funcionar da seguinte maneira: ao fazer um implante de prótese de silicone, os cirurgiões plásticos deverão inserir os dados da paciente no cadastro e essas informações serão mantidas em sigilo. Para acessar o cadastro, o médico devidamente identificado deve usar senha, mas não acessará dados de outros médicos e suas pacientes. Terá acesso apenas aos dados gerais.

Segundo a presidente da Comissão de silicone, os médicos não gostariam de tornar conhecido o número de implantes que fazem. Wanda informa ainda que a sociedade tem em seu cadastro cerca de 5 mil cirurgiões plásticos. Para ela, se todos preencherem os dados corretamente, as próteses poderão ser “rastreadas”de maneira eficaz.

PIP – Recentemente o país enfrentou problemas com a prótese de silicone francesa Poly Implant Prostheses (PIP) e os cirurgiões brasileiros não têm uma maneira de saber quem são as mulheres que implantaram próteses dessa marca. Para os criadores do cadastro, problemas como este poderão ser resolvidos de maneira mais rápida, pois as pacientes podem ser chamadas para fazer uma reavaliação.

As PIP tiveram a venda suspensa desde 2010 quando foi descoberto que essas próteses foram fabricadas com silicone industrial, impróprio para uso médico e apresentavam uma taxa de ruptura até cinco vezes maior do que outras.

Para identificar onde estavam as próteses PIP no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teve de questionar à importadora, para descobrir em que cidades as PIP foram compradas, para pedir que clínicas e hospitais identificassem as pacientes para que pudessem receber um acompanhamento mais adequado e evitar maiores transtornos. O mapeamento completo deverá ser informado pela agência na próxima semana, após reunião com entidades médicas.

Até agora, apenas cerca de 12 mulheres relataram problemas com a prótes fancesa à Anvisa. Anvisa relatando problemas com a PIP.

Com informações da Agência Estado.

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