Em entrevista ao projeto “Poder e Política”, conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues, neste domingo (25), o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), afirmou que alguma punição deve ser estabelecida por lei a padres e pastores que pregam a cura da homossexualidade em seus programas de TV e rádio e por promoverem programas de “recuperação” ou “cura”. Durante toda a manhã desta segunda (26), o tema foi um dos mais comentados no microblog Twitter e divide opiniões, como não poderia deixar de ser.
“A afirmação de que homossexualidade é uma doença gera sofrimento psíquico para a pessoa homossexual e para a família dessa pessoa. Alguém que chegue e incite violência contra mulheres e contra negros, ou contra crianças ne sse país… Vai ser bem aceito?”, afirmou Willis.
Ainda segundo ele, os religiosos têm a liberdade de que a homossexualidade é pecado em suas igrejas, mas o mesmo não se dá na TV e Rádios, pois usam concessões públicas para “demonizar e desumanizar uma comunidade inteira, como é a comunidade homossexual”.
Polêmica – Pelo Twitter, o pastor Silas Malafaia, um dos maiores adversários do movimento homosseual do Brasil se manifestou, alimentando a polêmica. “quer nos calar a qualquer custo. Nao suporta a critica ao comportamento homossexual!!! Quer rasgar o art. 5 da constituicao”, escreveu o pastor em seu perfil no microblog. Malafaia chama Jean de mentiroso, pois não seriam os pastores que ofereciam a “cura”, mas homossexuais que a procuravam em suas igrejas. “Sao os proprios homossexuais que pedem ajuda para serem libertos”, afirma o pastor.
PLC 122 e a liberdade de expressão – Durante a entrevista, Wyllys também criticou mudanças feitas pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) ao Projeto de Lei 122 de 2006, que propõe tornar crime atitudes homofóbicas. Segundo ele, o texto apresentado por Marta foi redigido pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que não é homossexual nem simpático à causa homossexual. Segundo Jean, o texto cria um novo tipo penal e reduz a homofobia a uma mera questão de agressão e assassinatos, mas n ão contempla formas de homofobia não letais. “Essa forma letal da expressão da homofobia já é tratada no Código Penal.O que o Código Penal não prevê é um motivação homofóbica. E aí o projeto, o parecer anterior que é da senadora Fátima Cleide (PT-RO) é muito mais amplo, porque contempla, a motivação homofóbica, mas trata de outras expressões da homofobia, como a injúria por exemplo”, disse.
Doença – As principais organizações mundiais de saúde, incluindo de psicologia, não mais consideram a homossexualidade uma doença, distúrbio ou perversão. A Associação Americana de Psiquiatria retirou de sua classificação desde 1973 e em 1975 a Associação Americana de Psicologia adotou o mesmo procedimento, deixando de considerar a homossexualidade uma doença. No dia 17 de maio de 1990, a Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais, a Classificação Internacional de Doenças (CID). Por fim, em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos.
No Brasil, apenas em 1985 o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a homossexualidade um desvio sexual e, em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos psicólogos em relação às questões de orientação sexual, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão” e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e/ou cura da homossexualidade.
Foto Agência Brasil.