Inicialmente a suspeita era que a servidora cedida pela prefeitura de Luziânia (GO) ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Márcia de Fátima Pereira e Silva Vieira teria desviado R$ 5 milhões do órgão. O montante subiu pra R$ 7 milhões e 10 carros. Quando Márcia foi presa na segunda (19), pela Polícia Federal (PF), durante a Operação Perfídia além dela, a polícia levou mais três carros.
Um dos veículos está registrado em nome do marido de Márcia, José Aílton, dois em nome da filha da servidora e um em nome do genro — ambos sem a identidade revelada pela polícia. Dentre os veículos apreendidos, a frota da servidora conta com modelos como um Mercedes Benz Rexton e um Hyundai Veracruz , um Toyota RAV 4 e um Toyota Hilux e um caminhão.
De acordo com a delegada Fernanda Oliveira, responsável pelo inquérito da PF, a soma do valor dos automóveis apreendidos está avaliadoa em torno de R$ 1 milhão. Os bens representam um montante incompatível com a renda da servidora, que desviou um grande valor a partir de depósitos judiciais, pois tinha autorização para efetivar transferências desde 2006.
Ré confessa – Márcia Pereira foi ouvida duas vezes na Superintendência da Polícia Federal e já assumiu a responsabilidade pelos desvios, mas disse que agiu isoladamente, eximindo os colegas de possível participação na fraude. Segundo a delegada Fernanda Oliveira, a acusada não demonstrou arrependimento, nem surpresa. “Acredito que ela achava que poderia ser presa. Como o esquema era muito sistemático, a pessoa acaba cometendo um deslize”.
Laranjada – De acordo com as investigações, até agora há aproximadamente 20 laranjas no esquema comandado por Márcia. Elas serão ouvidas pela PF para determinar se elas sabiam o que estava ncia do que estava acontecendo ou o envolvimento é doloso”, ponderou a delegada.
Já foi constatado que Márcia agia em conjunto com a mãe, Maria Pereira; o marido, José Aílton; e dois irmãos, Maurício Pereira e Márcio Pereira. Os familiares foram presos também na segunda. Todos podem responder por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em sistemas de informática. A servidora pode ser condenada também por peculato. As penas podem chegar a 20 anos de prisão para cada um dos acusados.
Bens bloqueados – Além da prisão temporária, a investigação já determinou o bloqueio e sequestro de bens e valores de todos os envolvidos, incluindo os laranjas do esquema criminoso. Além dos veículos, entre os bens registrados em nome da família consta ainda uma casa no Park Way avaliada em R$ 2,7 milhões.
Há ainda outra residência no Guará II e uma fazenda na Cidade Ocidental. Também foram apreendidas joias, relógios de luxo, seis televisões, 16 celulares, um monitor de computadores e eletrodomésticos ainda encaixotados. Além de dois comprovantes de pagamentos de prestações de imóveis — nos valores de R$ 200 mil e R$ 300 mil.
Devolução – Os bens que foram apreendidos serão enviados para o que o TRT decida como ressarcir os prejudicados. Outro esforço, a partir de agora, é descobrir quanto a servidora realmente desviou, já que agia desde 2006.