Foi através de seu perfil no Twitter, que deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) divulgou ter conseguido as assinaturas suficientes para pedir a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias feitas no livro Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr e traz documentos que comprovam irregularidades no processo de privatização de empresas estatais ocorrido no governo Fernando Henrique Cardoso.
O ex-delegado da Polícia Federal deu aos seguidores de seu perfil no microblog um pequeno relatório e disse ter conseguido mais de 170 assinaturas para pedir a instalação do que chama de “CPI da Privataria”. Para ser instalada, uma CPI precisa do apoio de, no mínimo, 171 deputados. Na noite desta quinta (05), ele informou que esá aguardando ter mais de 200 assinaturas para entregar.
Enquanto isso na sala de justiça… – Enquanto a CPI não é instalada, Protógenes disse que pedirá uma audiência pública para ouvir Amaury já na semana que vem. O recolhimento das assinaturas, porém, não é uma garantia de instalação da CPI, uma vez que os deputados podem retirar, caso queiram, as assinaturas de apoio.
O livro Privataria Tucana traz farta documentação em mais de 300 páginas. São acusações contra pessoas que se envolveram no processo de privatização, especialmente o ex-diretor internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira. Também ataca o ex-governador de São Paulo José Serra e pessoas de sua família ou próximas a ele, incluindo sua filha Verônica Serra.
Notas Oficiais – Tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o PSDB divulgaram nota na quinta (15) contra o livro. FHC diz que Amaury está sendo indiciado pela Polícia Federal e o acusa de fabricar acusações. Já a nota do PSDB classifica o livro como “farsa”. Antes, José Serra já havia classificado o livro de “lixo”.
Íntegra da nota de FHC:
“Infâmia
A infâmia, infelizmente, tem sido parte da política partidária. Eu mesmo, junto com eminentes homens públicos do PSDB, fomos vítimas em mais de uma ocasião, a mais notória das quais foi o “Dossiê Cayman”, uma papelada forjada por falsários em Miami para dizer que possuíamos uma conta de centenas de milhões de dólares na referida ilha. Foi preciso que o FBI pusesse na cadeia os malandros que produziram a papelada para que as vozes interessadas em nos desmoralizar se calassem. Ainda nesta semana a imprensa mostrou quem fez a papelada e quem comprou o falso dossiê Cayman para usá-lo em campanhas eleitorais contra os tucanos. Esse foi o primeiro. Quem não se lembra, também, do “Dossiê dos Aloprados” e do “Dossiê de Furnas”, desmascarado nestes dias?
Na mesma tecla da infâmia, um jornalista indiciado pela Polícia Federal por haver armado outro dossiê contra o candidato do PSDB na campanha de 2010, fabrica agora “acusações”, especialmente, mas não só, contra José Serra. Na audácia de quem já tem experiência em fabricar “documentos” não se peja em atacar familiares, como o genro e a filha do alvo principal, que, sem ter culpa nenhuma no cartório, acabam por sofrer as conseqüências da calúnia organizada, inclusive na sua vida profissional.
Por estas razões, quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça, nunca à infâmia.
São Paulo, 15 de dezembro de 2011
Fernando Henrique Cardoso”
Íntegra da nota do PSDB:
“Nota Oficial
O PSDB repudia veementemente a mais recente e leviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusar o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas.
As privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com centenas de bilhões de investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos.
Todo o processo foi exaustivamente auditado pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e outros órgãos de controle, e nenhuma irregularidade foi constatada.
O livro agora publicado tem as mesmas características de farsas anteriores, desmascaradas pela polícia, como a “Lista de Furnas”, o “Dossiê Cayman” e o caso dos “Aloprados”. Seu autor é um indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes, incluindo corrupção ativa e uso de documentos falsos.
Uma constante dessa fabricação de falsos dossiês tem sido a participação de membros e agentes do Partido dos Trabalhadores. Os que não se envolvem diretamente nas falsificações não têm pudor de endossá-las publicamente, protegidos, alguns deles, pela imunidade parlamentar.
A nova investida ocorre num momento em que o PT está atolado em denúncias de corrupção que já derrubaram seis ministros, e aguarda ansiosamente o julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil.
Serão tomadas medidas judiciais cabíveis contra o autor e os associados às calúnias desse livro.
Brasília, 15 de dezembro de 2011?