Da Redação do Alô Brasília -Camila Costa – Nesta semana, o Papo de Segunda traz o deputado do PSL, Dr. Michel. O parlamentar, que estaria supostamente “de olho” na vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), garantiu que não vislumbra o cargo e que os interesses continuam voltados para a atividade legislativa. Apesar de se considerar sozinho na Câmara Legislativa, quando o assunto são as reivindicações para o governo, Michel afirmou não estar decepcionado com a política, mas estipulou um prazo para continuar na luta – pelo menos do lado governista. “No segundo semestre, ou sinaliza e começa a atender as minhas demandas, ou estou fora”.
Deputado, o senhor é candidato a vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal?
Qual a vantagem? O que eu teria para fazer no TCDF? Seria interessante para mim se tivesse na ativa, mas não vejo vantagem em sair da política para ir para o Tribunal. Como deputado tenho que pensar grande, em ser um deputado federal, um senador, um governador ou até um presidente da República. Por que não? O Lula não chegou? Mas, no TCDF, não sei qual seria o benefício, já que cargo vitalício eu já tenho, assim como o status de delegado. O Conselheiro tem esse nível todo porque os deputados não se impõem. O TCDF é órgão auxiliar da Câmara, e não pode sobrepor a Casa. É a mesma coisa que você vir me dizer que o acessório que você coloca no seu carro é melhor do que o carro. Só no Brasil acontece isso. Eu ainda quero me estabelecer como deputado.
Por que o senhor votou pelo projeto dos combustíveis do Chico Vigilante (PT), junto com a emenda que, segundo autor do projeto pode anular a proposta, sendo que já tinha se comprometido em votar junto com petista?
Não votei com o Chico porque a emenda do Raad vem com mais consistência do que o projeto. Estávamos acordados, mas quando percebemos que chegou uma emenda que melhoraria para a sociedade, tivemos que voltar atrás.
O cartel do supermercados será outro, votei pelo o que é menos cartelizado. Você acha que um supermercado que é francês vai dar moleza para brasileiro? Ele vai fazer um esquema, vai colocar o preço lá embaixo, arrebenta todo mundo, depois sobe e vende. E outra coisa, quando ele diminui R$ 0,20 ele coloca no seu açúcar, no seu feijão e no seu sabão.
Estávamos fazendo uma verdadeira enrolação que o povo não conseguiu ver ainda. Tem deputado querendo mídia e eu não faço negócio para me beneficiar.
Mas na política não é necessário fazer negócios? O senhor está sozinho?
Eu tenho feito muita coisa sozinho. Lutado pelos enfermeiros, médicos, radiologistas, e não tem ninguém na frente comigo. Até mesmo sobre os conselhos tutelares, ninguém ficou comigo até o final. Eu que estou puxando, brigando com o governo, nem mesmo a oposição tem brigado desse jeito. E o governo não está reconhecendo que estou lutando para que vejam as coisas erradas e melhorem. Então, eu estou sozinho nesta luta.
Que tipo de reconhecimento o senhor esperava?
Esperava que eles atendessem os pleitos das pessoas, pelo menos no que diz respeito a melhorias salariais e de condições de trabalho, não privatização. Se a gente conseguir que o governo veja que o melhor caminho é esse, já é um grande ganho.
Mas o governador não estaria tentando fazer isso, principalmente agora, com os encontros dos blocos partidários?
Não estou vendo isso não. Tanto é que não tá, que hoje já começa a greve do pessoal da saúde. Se ele tivesse me atendido no que falei pra ele – pois já tínhamos conversado sobre isso -, que não tem como dar aumento apenas para uma categoria, que não tinha como você incorporar uma gratificação só de uma categoria, isso não estaria acontecendo. No dia da reunião eu não fui, pois tinha um compromisso para tratar sobre os conselhos tutelares. Acho que o objetivo dele é aproximação dos deputados para conseguir uma base sólida.
Então não está consolidada ainda?
Hoje ele tem uma base enfraquecida. A prova disso é a indefinição. No governo passado a gente sabia quem era base. Hoje, só o PT é base. O resto diz que é base, mas não tem atitudes de base. Eu me considero governista, defendo o governo, mas desde que ele queira ser defendido. Não tem como ajudar quem não quer ser ajudado. Os secretários nem atendem a gente. O governador não tem um apoio consolidado na Casa.
O governo não está querendo ajuda?
Acredito que não. Se ele não ouve a base e não vê as demandas é porque não está querendo. Meu papel é, por exemplo, ir conversar com o pessoal da enfermagem e falar: ‘gente, vamos fazer isso e isso’. Mas, eles não sinalizam com nada. Quem ele está ouvindo eu não sei.
O senhor procurou o secretário da Criança na semana passada para tratar dos conselhos tutelares. Foi atendido?
Fui, mas era melhor que não tivesse sido. Chegamos lá e ele disse que não precisava, pois tudo já estava garantido pelo governo. Este secretário está sem noção e sem entender a função do cargo junto ao assunto. Ele falou de forma demagógica e irônica, desmerecendo o que eu estava fazendo. Disse que não precisa fazer aquilo, que o governo já estava fazendo e que tudo não passava de politicagem. Tive que mostrar que não era e que estava no meu papel de deputado, levando as demandas ao conhecimento do governo, para que tomasse providências.
O que mais foi conversado na reunião entre os deputados e o presidente da Casa, Patrício (PT), na última quarta-feira?
Falamos sobre a reestruturação da Câmara e o reajuste dos servidores. Discutimos também o papel do parlamentar, pois achamos que está muito fragmentado junto ao governo e a população. Não estamos fazendo política e não estamos fazendo nada. Como não temos uma base grande, ficamos à espera da sinalização do governo para trabalharmos juntos, ou mudarmos para a oposição. São poderes independentes, não estamos esperando por eles, mas queremos consolidar, principalmente para saber quem é base e quem é oposição. Se eu fosse oposição já teria entrado nestes hospitais “metendo o pau” no governo, mas ainda não posso.
Ainda?
É. No segundo semestre, ou sinaliza com isso ou estou fora.
E o que você espera do governo para se manter na base?
O governado atender as demandas, que não são cargos. Não preciso de cargos. Estou atrás de atender as demandas, levar uma categoria lá e ele atender, de colocar uma luz, arrumar um posto de saúde, colocar asfalto, construir uma creche, um local para atendimento de drogados… É isso, que como base eu quero, e tenho que ter este prestígio como base. É isso que estou pedindo. Poder ir lá na minha cidade, aonde eu fui bem votado, e poder fazer as coisas, como regularização fundiária, asfalto, esgoto, luz, escolas melhores… Eu nem peço cargo. No meu gabinete, por exemplo, tenho 15 cargos em aberto.
Como vão ficar as votações nesta última semana?
Vamos votar tudo, em três dias. Não é porque não votamos em seis meses que não vamos votar agora. Acho que se temos condições de fazer, porque não? Se errou lá atrás, não vai acertar agora? Podemos fazer, inclusive, para mostrar que no semestre que vem vamos trabalhar para que isso não aconteça de novo. Acho que as condições de votar já existiam há muito tempo, mas só agora nos alertamos que temos que fazer, pois é a última semana e o plenário entra de férias. Não podemos deixar de votar.