De Boston – Brasileiras e brasileiros residentes nos Estados Unidos estão comemorando a vitória da deliberação do Senado norte-americano ontem (28/09) de restrições contra o governo brasileiro, no caso de um golpe militar no país.
A resolução, aprovada ontem por unanimidade, é sem precedentes nos últimos anos e expressa a preocupação dos americanos com a saúde da democracia no Brasil e as eleições presidenciais de domingo (02/10). O documento foi encabeçado pelo senador Bernie Sanders e outros cinco senadores democratas, e passou sem questionamentos, inclusive por parte dos senadores republicanos.
Durante a defesa da resolução, o senador democrata Bernie Sanders declarou que não estava tomando partido nas eleições brasileiras. “O que estamos fazendo é expressar o consenso de que o Senado deve deixar claro que a continuidade da relação entre Brasil e Estados Unidos depende do compromisso do governo brasileiro com a democracia e os direitos humanos. ”
Para James Green, presidente do conselho diretor do Washington BrazilOffice (WBO), entidade que vem articulando a resolução junto ao Congresso norte-americano, a aprovação da deliberação pelo Senado foi uma importante etapa de demonstração de apoio internacional à democracia no Brasil. para ter força de lei, a matéria ainda terá que ser votada pela Câmara dos Deputados.
O WBO foi criado em 2020 como um braço político da US-Defend Democracy Brasil, organização que desde 2018 reúne grupos de brasileiros e não brasileiros residentes nos Estados Unidos para fazer oposição às medidas antidemocráticas do governo Bolsonaro.
A resolução foi aprovada num momento em que o presidente brasileiro da República, Jair Bolsonaro, tem vociferado que não aceitará o resultado das eleições presidenciais caso ele não seja o vencedor do pleito.
O receio das organizações é que Bolsonaro incentive e empreenda atos similares de violência, como o ocorrido em 6 de janeiro do ano passado nos Estados Unidos incentivado pelo então presidente Donald Trump.
A invasão de uma multidão no Capitólio, que causou a morte de pelo menos cinco pessoas, aconteceu como uma tentativa de impedir que o resultado das eleições norte-americanas, que deu vitória a Joe Biden como presidente eleito, fosse anunciado.
Trump tentou ainda várias outras manobras anti-democráticas para desqualificar os resultados urnase até hoje afirma, sem provas, que as eleições norte-americanas foram fraudadas para tirá-lo do páreo. Bolsonaro tem agido em sintonia com o ex-presidente Trump, Steven Bannon e outros ex-assessores do ex-presidente norte-americano que respondem a uma comissão parlamentar de inquérito instalada no Congresso para apurar as responsabilidades sobre o evento do Capitólio. Inclui informações da página do Senador norte-americano Bernie Sanders.
Países da Europa
Inspirado no Senado norte-americano, 51 parlamentares europeus enviaram ontem (28/09) uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, solicitando que o bloco pressione o governo brasileiro a respeitar a Constituição no caso de uma derrota nas urnas do presidente Jair Bolsonaro.
O texto pede a UE que, diante da proximidade do primeiro turno das eleições brasileiras, que ocorre neste domingo (02/10), atue para impedir uma possível ruptura institucional provocada por Bolsonaro. O documento cita ataques infundados que o presidente Jair Bolsonaro vem fazendo ao sistema brasileiro de votação eletrônica––em vigor desde 1996 e considerado seguro e confiável.
Os parlamentares argumentam que o presidente vem provocando “terror entre a população” através da mídia e das redes sociais, a exemplo da afirmação recente durante uma entrevista na TV, em que ele insinuou que haveria fraude caso ele não vença com cerca de 60% dos votos no primeiro turno. A informação é da DW.