Em mais um dos seus arroubos “delicados e sorrateiros”, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que, “se quiser”, ele troca o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. E fez questão de deixar claro que esse profissional é subordinado a ele, não ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a quem tem demonstrado apreço e consideração.
Veja matéria do Valor:
Ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre um twitter feito por ele na noite de ontem sobre o tema. A mensagem dizia que “setores da imprensa que me acusam de interferir na PF, lembro que, de acordo com a lei 13.047/14, a escolha do Diretor Geral dessa exemplar instituição é de competência exclusiva do Presidente da República.
“Se eu trocar [o diretor-geral] hoje, qual o problema? Está na lei que eu que indico e não o Sergio Moro. E ponto final. Qual o problema se eu trocar hoje ele?”, afirmou. “O Valeixo pode querer sair hoje. Não depende da vontade dele. E outra, ele é subordinado a mim, não ao ministro. Deixo bem claro isso aí. Eu é que indico. Está bem claro na lei, o diretor geral”.
Ante a pergunta de uma jornalista sobre se pretende ou não trocar o diretor-geral, Bolsonaro respondeu delicadamente : “Você vai ficar querendo saber”.
“Se é para não [ter] interferência, o diretor anterior, que é o que estava lá com o [ex-presidente Michel] Temer, tinha que ser mantido. Ou a PF agora é algo independente? A PF orgulha a todos nós, e a renovação é salutar, é saudável”, afirmou.
Bolsonaro se queixou a respeito de uma “onda terrível” de notícias sobre sua interferência na Polícia Federal. As críticas começaram depois que ele anunciou a demissão do superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, e sugeriu que fosse colocado em seu lugar o de Manaus, Alexandre Saraiva.
“Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze [superintendentes] foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um Estado para ir para lá, ‘está interferindo'”, reclamou. “Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral.” Bolsonaro disse querer “o bem do Brasil” e “que se combata a corrupção, e que façam as coisas da melhor maneira possível”.
“Eu não estou acusando ninguém de fazer nada errado. Mas a indicação é minha. Por isso elegeram o presidente da República”, afirmou. “Se não pudesse ter ingerência, interferência – para mim é mudança -, seria mantido o anterior, o cara que foi nomeado antes iria ficar até morrer.” Bolsonaro reafirmou que, “se eu for trocar diretor-geral, ministro, o que for, a gente faz na hora certa”.
“Não pretendo trocar ninguém, por enquanto está tudo bem no governo. Agora, quando há uma coisa errada, chamo, converso e tento botar na linha”, afirmou.