Os filmes brasilienses vencedores da 19ª edição do Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal serão conhecidos nesta terça-feira (23), durante a cerimônia de encerramento do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Este ano, 57 produções se inscreveram no certame e 17 (quatro longas e 13 curtas) foram selecionadas (clique aqui para a lista completa). Os ganhadores receberão um total de R$ 200 mil em prêmios do júri oficial e do júri popular.
A comissão julgadora é composta pela atriz Marcélia Cartaxo que, entre outras premiações no Brasil e no exterior, recebeu o Troféu Candango em três edições do Festival de Brasília, sendo o primeiro por seu papel de Macabéa no filme "A Hora da Estrela" (Suzana Amaral) em 1985; a jornalista e pesquisadora de cinema, com vários livros publicados e participação em diversos júris de festivais de cinema, Maria do Rosário Caetano; e o jornalista e cineasta Sérgio Bazi, que tem importante atuação na crítica cinematográfica do DF.
Os filmes que concorrem ao Troféu Câmara Legislativa foram exibidos em cinco sessões no Cine Brasília, sempre com casa cheia. O público aplaudiu vigorosamente cada exibição. Nesta segunda-feira (22), foram apresentadas as duas últimas produções da competição: "À Mão Armada", curta-metragem de Afonso Serpa e único filme de animação selecionado, e o longa "Branco Sai. Preto Fica", de Adirley Queirós.
Reflexões sobre a violência – Os dois últimos filmes da Mostra Brasília tiveram a violência como tema. Em "À Mão Armada" – uma ficção que se passa num futuro próximo, mas que se aproxima da realidade dos nossos dias – uma arma, que passa de mão em mão, mostra como a violência está presente e interfere no cotidiano das pessoas. O curta chama a atenção pela qualidade técnica e pelo roteiro bem estruturado.
No palco do Cine Brasília, Afonso Serpa fez um manifesto contra a utilização de armas de fogo e disse que a maior quantidade desses objetos está nas mãos da Polícia Militar. Também agradeceu ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC), que tem permitido a realização de trabalhos como o dele. A equipe aproveitou para divulgar o Festival Curta Brasília, em novembro próximo, que reunirá produções do Brasil e do exterior.
O filme de Adirley Queirós, um dos principais realizadores brasilienses da atualidade, integrante do CeiCine (Coletivo de Cinema da Ceilândia), é uma "bomba", na descrição de Camila Machado, uma das responsáveis pela edição de som de "Branco Sai. Preto Fica". O diretor leva às telas uma reflexão sobre a truculência policial durante um baile black, na Ceilândia, nos anos de 1980.
Premiado em outros festivais, sendo o mais recente o Festival de Vitória, encerrado no último dia 17, o filme também concorre na mostra principal do Festival de Cinema de Brasília. Em debate, o diretor lembrou que o episódio retratado foi marcante na vida da população e, principalmente, entre os jovens ceilandenses. Adirley não chegou a tempo para a exibição do filme na Mostra Brasília porque teve um problema no carro que o transportava, explicou por telefone. Camila Machado então observou que, mais uma vez, "a vida imita a arte", destacando produção anterior do mesmo diretor na qual ocorre problema semelhante.