Moradores da Estrutural criam banco comunitário com “Conquista”, a moeda própria

Publicado em: 30/01/2014

Um grupo de moradores da Estrutural, no Distrito Federal criou um banco comunitário com a “Conquista”, uma moeda própria. A iniciativa pretende ajudar a desenvolver a cidade, através do fomento da economia local por meio de empréstimos pessoais e empresariais com taxas de juros menores que as praticadas pelo mercado. A moeda social é equivalente ao real, foi batizada pela própria comunidade e circula, desde maio de 2012, em estabelecimentos comerciais da região cadastrados no “Banco da Estrutural”.

Segundo estudos realizados pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) em parceria com a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do DF (Seplan), possui o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do DF. A região administrativa registrou número de 0,063, ou seja, 15 vezes menos que o Lago Sul, bairro nobre que apresenta o IDH equivalente ao de cidades da Europa.

Banco – O Conselho Gestor do banco é formado voluntariamente por 20 moradores e se encontra, pelo menos uma vez ao mês, com Maria Abadia Teixeira, integrante responsável pelo Movimento de Educação e Cultura da Estrutural (Mece), entidade gestora da instituição, para fazer balanço das atividades.

Em casos urgentes, como avaliações cadastrais de última hora, reuniões pontuais também podem acontecer. Os juros dos empréstimos são de 1% e o pagamento, parcelado de acordo com a capacidade financeira de cada pessoa, é feito com o real.

Segundo Maria Abadia, a Conquista foi criada com a proposta de circular somente dentro da cidade e fornecer crédito às pessoas negativadas, que “jamais teriam o cadastro aprovado nas demais instituições”, em função da burocracia imposta pelo próprio Estado. “O que menos importa aqui é se a pessoa tem o nome sujo ou não. Nós somos uma ferramenta de inclusão para os que estão à margem do sistema financeiro tradicional. Por isso, moradores que nos procuram e têm bom vínculo com os vizinhos e contribuem de alguma forma para a melhor qualidade de vida de todos recebem o empréstimo. Aqui o que conta mesmo é a trajetória de vida da pessoa. É o que nós chamamos de ‘economia solidária’”.

Conqui$ta – Em um ano e oito meses de funcionamento foram realizados 78 empréstimos, o que colocou nas ruas da Estrutural pelo menos 1.000 Conquistas, todas devidamente numeradas e produzidas em papel moeda pela empresa responsável por fabricar todo o dinheiro dos bancos comunitários do País, legalizados e aprovados pelo Banco Central (Bacen) desde 1998.

A instituição também recebe apoio da Administração Regional da Estrutural, que construiu um espaço na entrada principal da cidade, em frente ao Posto Comunitário de Segurança da Polícia Militar do DF, para servir como sede definitiva.

Além disso, 15 estabelecimentos comerciais, entre padarias, farmácias, mercados, chaveiros, lojas de roupa, materiais de construção e até lava a jato, estão cadastrados no Banco da Estrutural e aceitam a moeda social como pagamento dos produtos ou serviços. Muitos empresários oferecem, inclusive, descontos de até 20% aos clientes que utilizam a Conquista.

O fundo é formado por doações e ações promovidas pelos integrantes do Banco da Estrutural em encontros de lazer, cultura e feiras solidárias realizadas para aproximar a população da instituição, que tem linhas de crédito nos setores habitacional, produtivo e consumo.

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