“Tudo será esclarecido em breve“, diz Agnelo sobre “Amarildo do DF“

Publicado em: 11/12/2013

O governador Agnelo Queiroz (PT) convocou a cúpula da Segurança Pública do Distrito Federal para cobrar detalhes sobre a morte do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo de 32 anos, que não foi mais visto com vida após abordagem policial em 27 de maio, em Planaltina. Exames comprovaram que uma ossada encontrada em Planaltina são os restos mortais de Araújo e um laudo deve apontar a causa da morte. No final do encontro, Agnelo disse ter "certeza que tudo será esclarecido em breve".

O secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, informou a Agnelo que o inquérito sobre Araújo está sendo conduzido, em segredo de justiça, pela Coordenação de Homicídios da Polícia Civil. Segundo a Polícia Civil, a causa da morte de Araújo ainda está sendo investigada e não há previsão para conclusão do inquérito.

Erro – Nesta terça (10), o diretor da Polícia Civil do Distrito Federal, Jorge Xavier, negou que tenha havido erro na investigação do desaparecimento do auxiliar de serviços gerais. Até a confirmação da identidade dos restos mortais, o caso era investigado pela Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) e era tratado como abandono do lar. No dia 2 de dezembro, a investigação passou a ser de responsabilidade da Coordenação de Crimes contra a Vida (Corvida). “A linha que a DRS havia seguido era de que ele pudesse estar vivo. Como o laudo indicou que o cadáver seria dele, a hipótese mais provável passa a ser o homicídio”, disse.

Xavier indicou diferenças entre a atuação da polícia no caso do pedreiro Amarildo e a investigação do desaparecimento de Antônio de Araújo. “No caso do Amarildo, as evidências de que houve execução vieram logo no início. No caso do Antônio, os PMs tentarem contato com a família da vítima. Naquele momento, não havia indício de homicídio. Aliado a isso, não havia corpo”.

Investigação – Segundo as investigações iniciais, o auxiliar de serviços gerais foi detido por seis policiais militares e levado até a 31ª delegacia de polícia, em Planaltina, suspeito de ter entrado na chácara de um sargento da PM. Ele teria sido liberado após os policiais verificarem que não tinha passagem criminal.

Em setembro, o delegado Leandro Ritt, da DRS, afirmou que, apesar de não ter tido "comportamento de ladrão" ao entrar na chácara do policial militar, Araújo era uma pessoa "desorientada" por causa do alcoolismo. “Ele tem um quadro condizente com o das pessoas que desaparecem, que simplesmente desaparecem por vontade própria. É o abandono do lar. Quem sabe ele está perdido nesse mundo afora? Muito provavelmente. Uma pessoa alcoólatra sumir, ganhar o mundo, é muito comum. É o que mais você vê”, falou Ritt na época. Procurado nesta terça (10), Ritt afirmou que quem comenta o caso agora é a delegada da Corvida.

O diretor da Civil disse ainda que o tempo passado desde o desaparecimento pode prejudicar a análise de algumas evidências. “O tempo é sempre prejudicial em uma apuração dessas. Se os restos mortais estivessem em melhor estado, por exemplo, seria mais fácil indicar a causa da morte. Quando é ossada, é mais difícil, mas não é impossível”, afirmou. 

A família sempre tentou provar que não havia ocorrido abandono do lar. “Toda vida nós da família falamos que ele estava morto porque sabíamos que ele não se afastaria de nós. Ele foi tratado como andarilho. Só por que era pobre? Todo pobre é andarilho?”, falou o irmão mais velho do auxiliar de serviços gerais, Silvestre de Araújo. 

Demora – A família registrou o desaparecimento do auxiliar de serviços gerais no dia 27 de maio. O inquérito na 31ª delegacia de polícia, que inicialmente cuidou do caso, só foi aberto no dia 16 de julho. O caso foi para a Divisão de Repressão a Sequestro (DRS) no dia 5 de agosto.

Em 26 de agosto, mais de 90 dias depois do desaparecimento, a Polícia Militar também instaurou inquérito para investigar se os dois sargentos e quatro cabos envolvidos na abordagem a Araújo cometeram algum tipo crime. O inquérito foi remetido à Justiça no dia 25 de outubro, com pedido de retorno e sem conclusão. Desde o início da investigação, a Polícia Militar não se pronunciou sobre o que poderia ter acontecido com Antônio de Araújo. 

Na Corvida desde o dia 2 de dezembro, a investigação está sob segredo de Justiça. O diretor da Polícia Civil explicou que o sigilo foi solicitado pela juíza da Vara Criminal de Planaltina, antes de a ossada ser encontrada. Por causa da restrição, ainda não há informações sobre a análise do caso e os possíveis responsáveis pelo crime, no caso da confirmação do homicídio. 

Direitos Humanos – A demora nas investigações fez com que a família procurasse a Comissão de Direitos Humanos do Senado, o Ministério da Justiça, Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público. Um irmão de Araújo chegou a oferecer recompensa a quem desse informações que pudessem levar à descoberta do paradeiro dele, vivo ou morto. 

No dia 2 de dezembro, a seção brasileira da Anistia Internacional encaminhou ofício ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, pedindo celeridade na investigação e o GDF disse não ter recebido o documento. O advogado que representa a família de Araújo pediu apoio da Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 4 de outubro. No dia 5 de novembro, a presidente da comissão, senadora Ana Rita (PT-ES), se reuniu com representantes da segurança pública do Distrito Federal e familiares de Antônio de Araújo e cobrou agilidade na investigação. 

Outros órgãos também foram acionados pelos familiares do desaparecido: Procuradoria-Geral do Distrito Federal, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, Comissão de Anistia e Secretariado Nacional de Justiça, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. 

Com informações do G1. 

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