Comerciantes de gás de cozinha em Ceilândia, no Distrito Federal, afirmam que são ameaçados diariamente por revendedores de empresas concorrentes a aumentar o valor do produto cobrado na região. Um dos revendedores, que não quis se identificar disse que os comerciantes são coagidos a cobrar o mesmo valor que outros comerciantes da região.
“O pessoal liga dizendo que se eu não passar o gás para R$ 45 e subir de R$ 35, vão invadir o depósito, vão fechar meu depósito, não vão me deixar trabalhar assim. Querem que o preço do gás seja R$ 45”, disse afirmando ainda que não consegue manter funcionários trabalhando no depósito devido às ameaças. “Tem uma semana que comecei a trabalhar aqui. Eles ligam e falam que vão quebrar o depósito. São 12, 13 ligações por dia,”, disse uma funcionária.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) informou que investiga um suposto cartel nos mercados de revenda e distribuição de gás no Distrito Federal. Segundo o conselho, os gerentes das distribuidoras investigadas – Supergasbrás, Nacional Gás Butano e Liquigás, e proprietários de algumas revendedoras, a maioria localizadas em Ceilândia, respondem a uma ação penal no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).
Revendedores – Nenhuma das empresas investigadas deu retorno até a publicação desta reportagem. O Sindicato dos Revendedores e Associados de GLP (Sindivargas) afirma desconhecer o caso. “Para mim é novidade. A prática de obrigar o cara a vender mais caro é crime. A gente condena isso”, disse presidente-executivo da entidade, Edmar Silva.
Já a Associação Brasiliense dos Revendedores e Transportadores da GLP disse que o preço cobrado pelo botijão de gás é livre e determinado de acordo com a realidade de cada revendedor. “Em Ceilândia, por exemplo, tem gás de R$ 35 a R$ 45, o preço é livre. Não há determinação da ANP [Agência Nacional de Petróleo] se tem que ser vendido a R$ 50 ou R$ 32”, disse Janair Carvalho, presidente da associação.
“Esse preço [cobrado] é um preço que dá para manutenção da empresa e eu tenho um lucro satisfatório para mim. Não precisa aumentar mais do que isso", disse o revendedor ameaçado.
As informações são do G1.