O inquérito policial militar que investiga se houve crime na ação de dois sargentos e quatro cabos do Distrito Federal no desaparecimento do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo à delegacia foi enviado à Justiça na última sexta (25). Araújo está sumido desde a abordagem policial, na madrugada do dia 27 de maio. O caso é comparado ao do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido no Rio de Janeiro após ser levado para averiguação na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.
Segundo os policiais militares que atuaram no caso, Antônio de Araújo tinha sintomas de embriaguez e foi levado à 31ª delegacia de polícia, em Planaltina, após entrar na chácara de um sargento da PM. Foi liberado após verificação de ficha criminal, não aceitou carona e saiu da delegacia a pé, sozinho. Nenhuma ocorrência foi registrada, apesar de os policiais confirmarem que Araújo tinha um ferimento nas costas e era suspeito de entrar na chácara do sargento.
Inquérito – O major José Rosemildo de Lima Sousa, responsável pela investigação na PM, explica que inquérito foi encaminhado à Corregedoria da corporação, que deve remeter o material à Auditoria Militar. O major Rosemildo disse ainda que enviou o inquérito com pedido de retorno para conclusão, pois os resultados de algumas provas técnicas solicitadas, como rastreamento das viaturas envolvidas na abordagem e quebra do sigilo telefônico dos policiais, que ainda não haviam sido apresentados.
O inquérito foi instaurado junto à Corregedoria da PM no dia 26 de agosto – mais de 90 dias após o desaparecimento de Araújo, mas o major Rosemildo informou que não pode comentar o que foi apurado.
Polícia Civil – A Polícia Civil do DF foi acionada pela família do desaparecido no dia 27 de maio, por meio da 31ª delegacia de polícia. O inquérito, que hoje está na Divisão de Repressão a Sequestro (DRS), só foi aberto no dia 16 de julho.
Até o momento, essa instância ouviu familiares do auxiliar de serviços gerais, cinco dos seis policiais envolvidos na abordagem, além do dono da chácara onde Antônio teria entrado. Provas técnicas que poderiam comprovar a versão dos policiais, como rastreamento das viaturas e quebra do sigilo telefônico dos envolvidos, foram solicitadas em setembro, mas não havia resultados até meados de outubro.
O delegado Leandro Ritt, da DRS, acredita que o desaparecimento é um caso de abandono do lar. “Ele tem um quadro condizente com o das pessoas que desaparecem, que simplesmente desaparecem por vontade própria. É o abandono do lar. Quem sabe ele está perdido nesse mundo afora? Muito provavelmente. Uma pessoa alcoólatra sumir, ganhar o mundo, é muito comum. É o que mais você vê”, falou Ritt em setembro.
As informações são do G1.