Hospitais do DF tem contingenciamento de vagas para a Copa das Confederações

Publicado em: 14/06/2013

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal está remanejando pacientes de hospitais da região central de Brasília para outras unidades da rede pública, como as de Sobradinho, Ceilândia e Taguatinga. A Copa das Confederações começa neste sábado (15), com jogo entre Brasil e Japão e festa na Esplanada dos Ministérios e a pasta está se precavendo e reservando leitos, para um possível aumento de demanda nas unidades. 

O subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto José Bittencourt afirma que o remanejamento é para evitar que faltem vagas nas unidades próximas ao Estádio Nacional Mané Garrincha e que o GDF está trabalhando com uma “reserva técnica”, com base em dados da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que mostram que há um aumento de 10% da demanda nos grandes eventos da entidade. “Temos uma reserva de 10% dos leitos para emergências”, disse.

 

Bittencourt diz que todos os setores do Hospital de Base de Brasília (HBB), do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB) vão trabalhar com 10% a mais de funcionários e que nessas unidades há reserva de 10% dos leitos, para atender uma possível demanda extra.

 

No HBB, centro cirúrgico, UTI e na sala vermelha (destinada a pacientes vítimas de trauma, AVC e infartos), o número de profissionais vai ser duplicado neste fim de semana.

 

Prejuízos – Ainda segundo Bittencourt, a população não será prejudicada. “Nós trabalhamos em rede e não há prejuízo no atendimento por causa disso. O que queremos é otimizar o atendimento, pois teremos uma população flutuante de 500 mil pessoas no Plano Piloto no dia do evento”, afirma o subsecretário explicando que pacientes vítimas de trauma, AVC, infarto e de outras emergências graves não estão sendo transferidos para outras unidades.

 

A população não parece concordar totalmente com o que diz o subsecretário com relação aos prejuízos, principalmente quem teve parentes transferidos para as outras regiões ou teve cirurgia remarcada para outra unidade da rede, nas regiões administrativas do Distrito Federal.

 

Relatos – Câmara em Pauta recebeu o relato via facebook de um cidadão que não vamos identificar. Ele disse ter ido ao HBDF marcar uma tomografia, quando foi informado que os procedimentos estão suspensos, porque os leitos terão que ficar vagos e os equipamentos à disposição dos torcedores da Copa das Confederações. “Marcaram minha tomografia pro Hospital de Sobradinho, por que é urgente. Mas eu assisti quando a ordem da direção do hospital se espalhou como rastilho de pólvora entre os funcionários e médicos da instituição. Uma senhora com câncer na tireoide, com cirurgia marcada há 3 anos, voltou da sala de operação”, disse.

 

Também é o caso de Márcia do Valle, coordenadora de compras, que contou que a sogra estava internada no HBDF, com uma fratura no fêmur e foi transferida para o Hospital Regional de Sobradinho nesta quarta (12). “Sobradinho é muito contramão para a nossa família. Eu e meu marido moramos no P Sul, em Ceilândia, a outra filha da minha sogra mora no Guará. Recebemos a ligação às 9h30 dizendo que ela seria removida para Sobradinho. Na hora, a pressão dela subiu, a glicose também. Ela tem 67 anos, tem diabetes e artrite. Ela tinha cirurgia marcada para segunda [17] e até agora ninguém disse o que vai acontecer”, disse Márcia ao Portal G1.

 

Segundo ela, a paciente foi levada para a ala pediátrica do hospital de Sobradinho, por falta de leito, e reclamou que na unidade “não tem estrutura, está superlotado”. O subsecretário Roberto Bittencourt disse que o setor de pediatria de alguns hospitais está ocioso, por isso pacientes estão sendo transferidos para essas áreas. Ele disse que não vê problema nisso porque não estão colocando pacientes pediátricos nas mesmas unidades dos adultos e não há prejuízo no atendimento.

 

Nota da redação – Já sabemos que o sistema de saúde do DF funciona no limite, independenta das tentativas de desafogar e da absorção de pacientes do entorno, como justifica a Secretaria de Saúde, não sem razão. Para o momento, este Portal só faz votos de que o remédio não seja mais amargo que o necessário e que nada de mais grave aconteça a nenhum cidadão do Distrito Federal, por conta desse contingenciamento de vagas nos hospitais do DF.

 

Também não nos furtamos em dizer que é justo que as melhorias que sejam implementadas não sejam medidas de emergência para eventos esporádicos, mas para o cotidiano da população que vive e paga impostos no DF, afinal a Copa passa, as caravanas vão embora e é a população que aqui vive tem direitos a serem garantidos. 

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