A maré não anda boa para o relacionamento entre o governador do Distrito Federal e o movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Depois da revogação do decreto de regulamentação da lei anti-homofobia, durante uma manifestação na última terça (14), ativistas hastearam uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento. Seguranças vieram ordenar a retirada e discutiram até que a ordem foi cumprida. Na sexta (17), para lembrar o dia internacional de combate à homofobia, diversas embaixadas em Brasília hastearam a bandeira LGBT.
Em Brasília, as embaixadas da Bélgica, Suécia, Reino dos Países Baixos e Reino Unido hastearam as cores do arco-íris. De acordo com a assessoria de imprensa dessas representações, o objetivo é demonstrar a prioridade que seus países dão ao diálogo internacional destinado a “abolir a criminalização da homossexualidade” e a “discriminação com base na orientação sexual”.
A coincidência foi alvo de comentários nas redes sociais, sobre as atitudes homofóbicas que vêm cercando Agnelo Queiroz (PT), exatamente no período de luta contra a discriminação por orientação sexual. “Eu tenho certeza de que o governador do Distrito Federal não é homofóbico. Mas cedeu à homofobia”, criticou a deputada federal Erika Kokay (PT) durante audiência pública nesta sexta (17) pelo dia de combate à homofobia na Câmara Legislativa do DF. Na plateia, pessoas com máscaras de Agnelo, para representa-lo como adversário de LGBT’s.
Audiência – Segundo Arlete Sampaio, que propôs a audiência, a tentativa para que o decreto não fosse revogado fracassou. “A gente procurou intervir para evitar que o decreto fosse revogado. Várias pessoas participaram dessa tentativa. Nós falamos com o governador, a própria ministra Maria do Rosário [da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República] ligou para o governador, falou com ele, e não conseguimos”, lamentou Arlete.
Apesar de o GDF alegar vícios formais, fontes do Buriti confirmaram a Câmara em Pauta que a bancada religiosa da CLDF pressionou o GDF. Horas antes do anúncio da revogação, o deputado distrital Evandro Garla (PRB), presidente da Frente Parlamentar da Família e vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica na CLDF lançou nota de repúdio contra a lei, dizendo que ela cassa a liberdade de expressão. Na nota, ele disse que estaria “junto com outras lideranças evangélicas para garantir os direitos da família constituída por Deus”.
Ainda segundo ela, a tentativa agora é para que Agnelo receba militantes LGBT para conversar sobre o caso. “Anteontem [na quarta, 15] o presidente do PT, Ruy Falcão, me falava que ele tinha conversado com várias lideranças, do movimento [LGBT] e que tinha recebido delas um pedido de que Agnelo as recebesse. Ele disse que estava pedindo ao governador que recebesse essas pessoas”, disse a distrital.
Bandeira – O hasteamento e arreamento da bandeira no Palácio do Buriti em tempo recorde pode ser conferido neste vídeo, que por outra ironia com ares de homofobia, teve a retirada ordenada pelo You Tube que deu 48 horas à autora, a fotojornalista Alexandra Martins para que o conteúdo seja apagado. Caso não aconteça, o próprio site o retira do ar.
Alexandra disse que, em protesto, vai aguardar a censura e que o material estará disponível em um site que retomará a pressão pela regulamentação da lei 2615. “É irônico que vídeos difamatórios e nitidamente violentos do deputado federal Jair Bolsonaro – que deturpou a fala de Tatiana Lionço e Cristiano Ferreira – demoram semanas para sair do ar, enquanto este da vigília foi rapidamente solicitado a retirada sem nem ao menos eu ter defesa e poder contra-argumentar”, afirmou.
Enquanto o You Tube não retira, o vídeo pode ser visto aqui.