Na “Copa de todos”, brasilienses não são convidados para inauguração do estádio

Publicado em: 18/05/2013

O Estádio Nacional Mané Garrincha foi finalmente inaugurado na manhã deste sábado (18) com pompa e circunstância e a presença de autoridades, após cinco meses de atraso, dois adiamentos e gastos que superam os R$ 1,6 bilhão. Pela manhã, Dilma Rousseff acompanhada de Agnelo Queiroz deu o pontapé inaugural. Apesar de o Brasil prometer uma "Copa para todos", pela manhã a polícia e tapumes afastavam os brasilienses que não foram convidados para a festa. Também ficaram de fora da partida inaugural operários e serventes da limpeza da Arena, que não receberam os ingressos prometidos para a partida desta tarde. 

Segundo informações do Jornal de Brasília, os pares de ingressos prometidos para quem trabalhou na obra não foram entregues e alguns dos trabalhadores não conseguiram nem mesmo um bilhete para o jogo de abertura do Mané Garrincha, a final do campeonato candango entre Brasiliense e Brasília, hoje (18), às 16h. Segundo a publicação, a equipe que atuou na limpeza da arena no período noturno também não foi contemplada e a informação que eles receberam foi de que o número de bilhetes destinados a eles havia esgotado. 

Durante a cerimônia de inauguração o Comitê Popular da Copa no DF fez uma manifestação pública contra a violação dos Direitos Humanos ocorridas na preparação para a Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo de 2014 e deu um “Cartão Vermelho pra Copa”. Os manifestantes seguiram da Feira da Torre até o Mané Garrincha. Obviamente essas pessoas ficaram do lado de fora, mas a manifestação foi pacífica, mas houve um início de tumulto e a polícia usou spray de pimenta para conter manifestantes que interditavam a via N1.

Também vale registrar as duas bailarinas cadeirantes que foram eliminadas na seleção para a abertura da Copa das Confederações em junho. Fica a pergunta: quem são os "todos" a quem o slogan "Copa de Todos" se refere? Decerto somente a Federaçaõ Internacional de Futebol (Fifa) poderá indicar quem são estes. 

Promessa – A princípio, do total liberado para o jogo de hoje, 12 mil bilhetes seriam reservados para os trabalhadores do estádio, mas somente seis mil operários teriam sido contemplados e com apenas um ingresso, não o par como prometido. O estádio tem capacidade para 71 mil pessoas, mas a partida inaugural irá abrir para um público aproximado de 22 mil torcedores. 

Paulo Nunes Feitosa, funcionário da limpeza disse que não conseguiu o ingresso e afirmou que devido à promessa, todos ficaram na expectativa. “Foi uma discriminação muito grande. Faço parte desse cenário, toda noite varro pedra, terra, poeira e não ganhei o que foi prometido”, desabafa. “Damos duro aqui e não podemos nem assistir ao primeiro jogo do estádio”, reclamou Martin Moura, também da equipe de limpeza do noturno. “O certo seria todos receberem, pois falaram que os ingressos seriam para todos os funcionários, mas não foi o que aconteceu. Não somos pior que ninguém e deveríamos ter o nosso garantido”, disse Rejane Aparecida. 

Por sua vez, os operários que conseguiram os bilhetes também ficaram frustrados, porque a promessa era que cada um obteria dois ingressos. “O governo falhou com a palavra, pois nossos familiares estão esperando para vir. Assistir o jogo só não tem sentido. O que vou fazer com um ingresso?”, dizia Adriano Rosa. “Isso é um descaso com a gente que deu o sangue pela construção. Dá uma revolta. É uma tristeza saber que não vamos poder vir com nossa família. Isso é frustrante”, disse Carlos Eduardo.

(Foto – Josemar Gonçalves)

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