A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Distrito Federal (Sindsaúde-DF) está cada dia mais acuada e se mantém silenciosa sobre as denúncias que a imprensa vem veiculando, se limitando a apagar comentários no facebook, depois de se dizer vítima de complô e ameaçar processar denunciantes, a quem chama de chantagistas.
O interesse do sindicato em manter a sujeira debaixo do tapete é tanto, que a entidade buscou a justiça para tentar barrar a veiculação da matéria feita pela equipe de reportagem da TV Globo, no último dia 17. (veja matéria), Antes da reportagem da rede Globo chegar ao Sindicato, a assessoria de imprensa divulgou nota na página da entidade, de que estaria dando entrevista à emissora de TV para prestar conta da nova gestão, mas foram pegos de surpresa com as denúncias e correram para tentar suspender, através de liminar, a veiculação da matéria.
O foco e a vitrine – Enquanto as denúncias vão circulando, aparecem mais recibos de transações financeiras de alta monta a entidade se mantém calada sobre sua versão das denúncias e vai levando os filiados no bico, com sorteio de TV de led e com as promessas de conquistas do plano de carreira, como no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde bem antes de falar em negociação, já elegeu um comando de greve e deixou nas entrelinhas um recado sobre “não desviar do foco” e disse: “O HBDF será a vitrine do nosso movimento”. Além de ter citado o Câmara em Pauta, assunto que vamos tratar em editorial.
Em matéria do site da entidade, a assessoria de comunicação escreve: “Marli ressaltou que o momento é de união e foco em prol do plano de carreira. “A distância da necessidade e o sucesso é a nossa atitude”, declarou”. Sem tentar decifrar o que ela quis dizer com “necessidade”, “sucesso” e “atitude”, vamos lembrar que, logo que as denúncias surgiram, a diretoria acusou os denunciantes de estar tentando barrar a conquista do plano de carreira dos filiados, outro detalhe que não conseguimos entender.
Pedido de liminar – O pedido liminar foi feito no dia 17 de abril à 7ª Vara Cível de Brasília, pouco menos de uma hora antes do telejornal ir ao ar, por “Marli Rodrigues e outros”, mas foi indeferido pelo Juiz substituto Mário Jorge Panno de Matos. No pedido, os diretores do SindSaúde-DF pedem antecipação de tutela para impedir a matéria de ir ao ar sob pena de multa e alegam que a TV iria veicular “reportagem sensacionalista” onde os diretores da entidade eram apontados como “pivôs de irregularidades”, sustentando que o teor da matéria poderia lhes “ocasionar estragos à honra”.
Talvez tenha sido em razão disso que a matéria do DF TV teve trechos cortados, como as imagens da mansão de Marli Rodrigues e do recém-inaugurado salão de beleza de Maria Luiza Rodrigues Vale, filha da presidente da entidade, no sentido de não comprometer a reportagem. Marli Rodrigues é funcionária pública de carreira, e juntamente com mais outros 05 diretores do Sindicato, estão licenciados de suas funções para exercer cargos na diretoria do SindiSaúde.
Câmara em Pauta espera que a Justiça continue garantindo o direito dos ex-funcionários e dos filiados de saber o que realmente vem acontecendo na gestão dos recursos do SindSaúde. Além disso, gostaríamos de entender onde há sensacionalismo em divulgar denúncias documentadas, como tem sido feito. Em vez de ir à justiça para continuar ganhando tempo, o SindSaúde deveria demonstrar o mesmo empenho em provar que tais denúncias são infundadas como sustentam. De nossa parte, o espaço está aberto.
Novas denúncias – Novas denúncias têm vindo à tona, e pessoas físicas e entidades juntam-se ao grupo de funcionários demitidos, para vincular as provas existentes com as novas, na tentativa de mostrar a corrupção que seria capitaneada pela diretoria da entidade, que há mais de 20 anos comanda o SindSaúde.
Documentos apócrifos, que teriam sido confeccionados pelo próprio sindicato e distribuídos em hospitais para derrubar diretorias de unidades, conforme noticiou o Correio Braziliense em 2011 (veja), além de relatos sobre mordomias e luxos que seriam pagos com o dinheiro dos sindicalizados, dividas entre outras denúncias que nos chegam, seja por fontes anônimas ou não.
Nos bastidores – Para tentar minimizar o impacto das denúncias do Câmara em Pauta e da Rede Globo, fomos informados de que Hemerson Varlly Farias, o genro que Marli alegou à Globo desconhecer, no dia seguinte à reportagem fez uma reunião com funcionários para apaziguar os efeitos das deletas. Além disso, a diretoria convocou uma reunião de emergência, segundo nossas fontes, para da mesma forma passar vaselina no assunto.
O que causou estranheza aos demitidos na reunião da diretoria foi o Especialista em Assessoria Empresarial do SindSaúde, Lizomar Souza, questionar a legalidade das denúncias dizendo “por que eles não fizeram as denúncias enquanto eram funcionários?” Declaração que causou muitos risos aos ex-funcionários.
Continuaremos acompanhando o caso de perto.