Após as denúncias de uma série de irregularidades no Sindicato dos trabalhadores em Saúde do Distrito Federal (Sindsaúde-DF) terem ido parar no DF-TV , que diz que o “sindicato é suspeito de dar calote em direitos trabalhistas” , o Sindsaúde publicou nota em seu site, dizendo que “mediante acusações infundadas, com provas forjadas, provenientes de fontes duvidosas”, “já está tomando todas as providências legais e cabíveis para o caso, buscando a reparação dos danos e a indenização correspondente”. Além disso, o sindicato acusa os ex-funcionários de chantagem sistemática, não explicando, porém nenhuma das acusações.
Como nós de Câmara em Pauta não conseguimos resposta alguma do Sindicato, que parece estar agindo de forma a esvaziar a denúncia, para que ela seja relegada ao esquecimento, vamos replicar aqui a “resposta” da entidade, em nome da responsabilidade jornalística e do Direito de Resposta. Mantemos o canal aberto para as justificativas e informamos ao Sindsaúde que seria interessante uma resposta documentada, pois foi assim que recebemos a denúncia e aceitamos publicar.
Cabe à entidade provar que esses documentos e imagens foram forjados e hackeados, como acusam “segundo informações colhidas” (veja nota do Sindsaúde no fim da matéria) e que os documentos que apresentamos não são autênticos. Estamos tomando esta providência de fazer tal aviso, após recebermos comentários em nossa matéria, de que a diretoria do Sindsaúde teria adulterado documentos do Ministério Público do Trabalho para apresentar aos seus filiados a título de defesa das denúncias. Nas redes sociais também recebemos outras denúncias, que estamos guardando para oportunamente entregar às autoridades competentes.
Dívidas trabalhistas – Em seu site, o Sindsaúde publicou que iria processar a comissão de demitidos da entidade, por ter forjado documentos para fazer uma denúncia. “Os autores das denúncias, que trabalharam no sindicato ganhando salários altíssimos, foram demitidos por decisão validada em assembleia e a direção do SindSaúde não admitirá que desmoralizem o nome desta instituição num momento em que estamos adquirindo conquistas históricas para a nossa categoria”, diz a nota afirmando ainda que o “objetivo dos demitidos é atrapalhar o nosso Plano de Carreira e o SindSaúde não permitirá que isso aconteça”.
O que o Sindsaúde não explica aos filiados é que o Ministério Público do Trabalho confirmou as denúncias trabalhistas e informou que a dívida está em torno de R$ 1,5 milhão. A própria diretora da entidade, Marli Rodrigues, admitiu dívidas provenientes do recolhimento e não pagamento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a contribuição do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Ela deve ter esquecido de comentar a multa de R$ 8 milhões devida ao Sindicato de Entidades de Trabalhadores em Saúde (Sintes), que recorreu à justiça pelo mesmo motivo: não repasse.
A questão que fica para Câmara em Pauta é com relação à legitimidade de uma entidade que tem a prerrogativa de lutar por seus filiados, para que receba direitos que nega a seus funcionários. Outra questão que fica é: o sindicato informou que a entrevista que concedeu foi sobre a “nova gestão de moralização do órgão”. Para quem quiser assistir a matéria da Globo no final desta matéria ou ler a nossa, a impressão que fica é que ocorre justamente o contrário.
Outras denúncias – O DFTV não falou sobre uma série de outras denúncias. Só sobre os vultuosos repasses a Hemerson Varlly Farias, que Marli disse não ser seu parente. Não é o que diz o comunicado do nascimento do filho de Hemerson com Maria Luiza Rodrigues Farias, filha de Marli, à qual tivemos acesso no site do hospital onde a criança nasceu. Nem as inúmeras testemunhas que nos procuraram para dizer do parentesco e até a página de Maria Luiza em uma rede social. De toda sorte, soa no mínimo estranho a diretoria de uma entidade não saber de repasses feitos através da conta do Sindicato, como mostram os documentos que podem ser vistos aqui.
Se tais documentos são forjados, como alega o sindicato, provavelmente será o mesmo argumento utilizado para uma escala de trabalho de março de 2013 assinada por Marli, à qual tivemos acesso ao original e onde consta o nome de Hemerson, como “Técnico em Administração”, na “Assessoria da Presidência”. Lá também estão listados o secretário geral do PT-DF e servidor público Sandoval de Jesus como “Especialista em comunicação”, também na “Assessoria da Presidência”.
Nesta lista não consta o nome de Maria Luiza, que Marli diz nunca ter sido funcionária, porém um contrato assinado por ela em 2008 atesta que a filha de Marli foi sim funcionária da entidade. Segundo os denunciantes, o nome dela foi retirado da folha de pagamento em 2012, após questionamentos. Mas ainda consta na escala o nome da vereadora de Cidade Ocidental Kedma Karen (PT), que seria Especialista em Organização na Assessoria de Imprensa do Sindsaúde. Segundo nossas fontes, a vereadora marcava presença quase diariamente na sede.
Argumentos – Um dos argumentos do Sindsaúde nos causa estranheza e certa curiosidade: é o de que as demissões foram “por decisão referendada em assembleia”, como se isso isentasse a “nova diretoria” da entidade do pagamento dos direitos trabalhistas. Segundo a nota no site da entidade, a decisão foi tomada para reduzir gastos com pessoal e assim “realocar os investimentos na luta da categoria, pagar impostos e dívidas trabalhistas acumuladas há mais de uma década. O quadro do sindicato contava com 78 trabalhadores, muitos deles com proventos que superavam a média salarial dos próprios servidores da Secretaria de Saúde, isso era insustentável”, explica a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues”.
Em tempo, por “nova diretoria” entenda-se a troca de cargos entre Marli – ex-tesoureira e atual presidente – com Agamenon Torres Viana, ex-presidente e atual tesoureiro. Sendo assim, a “nova gestão de moralização do órgão” seria para corrigir distorções provocadas pelos antigos gestores, ou seja, eles mesmos. Apesar de Marli afirmar que o mandato tem apenas 70 dias, antes dela, Agamenon está na diretoria do Sindsaúde há mais de 20 anos.
Outra alegação curiosa é de que o objetivo dos demitidos seria atrapalhar o Plano de Carreira da entidade, com vistas às eleições de 2014 e que “empresários, políticos e pessoas influentes para patrocinar uma campanha difamatória contra a nova diretoria em veículos de comunicação do DF”. Só gostaríamos de entender em que e como a mobilização de funcionários demitidos para receber seus direitos atrapalharia a mobilização pelo plano de carreira dos filiados da entidade. Por conta do pagamento de custas judiciais e das dívidas trabalhistas?
Da parte de Câmara em Pauta, além de assegurarmos que não recebemos nada além dos documentos para fazer a denúncia, que não é difamatória, visto que, se há possibilidade de descrédito, não se dá pela imputação ofensiva de boatos, mas de fatos. Além disso, cabe ao Sindsaúde o ônus da prova de que nós ou a Rede Globo fomos pagos para “difamá-los”. Lembramos ainda que, se o argumento é esse, cabe processar também o MPT, que ratificou as denúncias.
Outros pontos não foram questionados pela matéria do DFTV, por este motivo não vamos tocar neles neste texto. Como às nossas reportagens, o Sindsaúde ainda não deu qualquer resposta, ficam os demais questionamentos já publicados anteriormente no ar e o espaço ainda aberto para as possíveis justificativas.
Leia íntegra das matérias publicadas pelo Sindsaúde no site.
E a matéria da Rede Globo no final da página
Mediante acusações infundadas, com provas forjadas, provenientes de fontes duvidosas, o SindSaúde vem comunicar aos seus sindicalizados que já está tomando todas as providências legais e cabíveis para o caso, buscando a reparação dos danos e a indenização correspondente. Os autores das denúncias, que trabalharam no sindicato ganhando salários altíssimos, foram demitidos por decisão validada em assembleia e a direção do SindSaúde não admitirá que desmoralizem o nome desta instituição num momento em que estamos adquirindo conquistas históricas para a nossa categoria.
O objetivo dos demitidos é atrapalhar o nosso Plano de Carreira e o SindSaúde não permitirá que isso aconteça.
Somos muitos. Somos fortes!
Comissão de demitidos tenta inviabilizar luta da categoria por meio de chantagem
A demissão de 40 funcionários do SindSaúde-DF tem gerado enorme desconforto à diretoria da entidade. Os ex-empregados vêm chantageando sistematicamente os novos diretores, principalmente a presidente Marli Rodrigues. A decisão de desligá-los da entidade foi tomada em assembleia geral (veja edital e ata abaixo), que deliberou a medida devido a necessidade de enxugar os gastos do sindicato, em especial com a folha de pagamento. QUALQUER TIPO DE COERÇÃO SERÁ TRATADA NOS MOLDES DA LEI, COMO CRIME, E ENCAMINHADA AOS ORGÃOS COMPETENTES PARA FINS DE PUNIÇÃO E RETRATAÇÃO.
Segundo a direção, a redução de gastos com pessoal visa, além de realocar os investimentos na luta da categoria, pagar impostos e dívidas trabalhistas acumuladas há mais de uma década. “O quadro do sindicato contava com 78 trabalhadores, muitos deles com proventos que superavam a média salarial dos próprios servidores da Secretaria de Saúde, isso era insustentável”, explica a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues.
A partir dessas demissões, a diretoria tornou-se alvo de acusações pessoais e chantagens. A comissão de ex-empregados parece contar até com hackers e alguns webdesigners com capacidade de falsificar documentos e imagens (SIC*) e ter procurado empresários, políticos e pessoas influentes para patrocinar uma campanha difamatória contra a nova diretoria em veículos de comunicação do DF. Tudo indica que por trás disso, existe uma força econômica e oculta que está interessada em desestabilizar a nova gestão para atrapalhar a mobilização pelo plano de carreira e tomar o SindSaúde-DF porque está de olho nas eleições de 2014. Alguns dos funcionários demitidos pretendem retomar seus empregos para voltar a receber gordos salários e, para isso, têm ajuda de pessoas infiltradas na categoria.
A postura da nova presidente e de toda a diretoria, que teve cerca 80% de sua composição renovada em relação à antiga gestão, trás uma proposta de mudança, mas herdou dívidas que precisam ser sanadas, o que será feito de forma parcelada para não atrapalhar as lutas da categoria. O SindSaúde-DF acredita que nesse momento uma das prioridades é ficar quite com as multas aplicadas pelo Ministério Público, mas sem que tal situação engesse a máquina sindical.
“Infelizmente não é possível arrumar toda a casa em apenas 70 dias, que é o que temos de mandato até então, mas quitaremos todos os débitos e nos organizaremos para retornar à nossa antiga sede, o que economizará ainda mais gastos”, finaliza Marli. O sindicato reforça que NÃO aceitará nenhum tipo de ameaça e chantagem, muito menos entrará em jogos sórdidos de pessoas com interesses escusos.
Direção do SindSaúde-DF
*Segundo Informações Colhidas.