A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada em julho, no Rio de Janeiro, vai contar com a participação dos internos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Brasília. Cerca de 60 homens trabalham na confecção de peças oficiais do evento, como terços, pulseiras, cordões. O secretário de Justiça, Alírio Neto, vai receber a imprensa para mostrar o trabalho artesanal dos internos na sexta (15), às 9h30.
Uma empresa de Brasília, ligada à Igreja Católica e que já trabalha na ressocialização dos internos – por meio de apoio da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do DF (Sejus-DF) – , se inscreveu para participar do concurso para confecção das peças feito pela organização do evento e foi a vencedora. Os internos da Papuda já estão confeccionando o material. Eles recebem em média R$ 0,50 por peça produzida.
Inicialmente, em parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), vinculada à Sejus, foram capacitados 60 internos do sistema prisional masculino, com a perspectiva de aumento do efetivo de acordo com os recursos futuros disponíveis. Eles trabalham seis horas por dia, quatro vezes por semana, na confecção das peças que serão distribuídas durante o evento.
“Diz o evangelho de São Mateus (25:36): ‘Eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. Nós só colocamos em prática o que está escrito aqui. Um aspecto importante é o aprendizado do ofício de artesão de peças religiosas. Ele poderá lhe ser útil ao regressar à sociedade e, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de exercer uma profissão digna”, justifica Paulo Fernando Melo, advogado, católico, vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família e um dos sócios proprietários da Jabuti Artigos Religiosos (www.lojajabuti.com.br), empresa vencedora do concurso, ao explicar o motivo pelo qual se engajou no trabalho de ressocialização dos presidiários.
Segundo o secretário de Justiça, Alírio Neto, o trabalho artesanal feito pelos internos vai além do foco social. “É muito importante também para reduzir a pena desses artesãos. A legislação processual penal prevê, como benefício a cada três dias trabalhados, a redução de um dia da pena, além de eles receberem uma remuneração pela peça confeccionada. Outra vantagem é que os internos não ficam ociosos”, diz.
O grupo da empresa Jabuti desenvolve com os internos trabalho de ressocialização por meio da oração, com música católica e meditação. “É uma forma de mostrar a eles a mensagem de Deus, que é o caminho do bem”, explica Paulo.