Brasília se curva em luto de sete dias para homenagear Niemeyer

Publicado em: 06/12/2012

Para homenagear o arquiteto Oscar Niemeyer, que morreu aos 104 anos nesta quarta (05), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz decretou luto oficial de sete dias. O corpo do arquiteto deve chegar à capital federal por volta do meio dia e será velado no Palácio do Planalto. 

Na nota, Agnelo lamenta a morte de um dos criadores da cidade e diz que “Brasília chora por Niemeyer o mesmo choro sentido e saudoso dos órfãos. Pois é assim, filha, que a cidade sempre se sentiu em relação a Oscar. Nosso espírito urbano é tão forte e peculiar quanto as curvas que domam o concreto e se vestem do céu azul do cerrado.”

 

Para o governador, é preciso preservar o legado arquitetônico deixado por Niemeyer. Agnelo entende que “muito por mérito dele, nós, brasilienses, temos a graça de habitar uma cidade-monumento patrimônio cultural da humanidade. Hoje é dia de tristeza, mas é também o dia de bradarmos que devemos a este grande brasileiro o legado de preservá-la.”

 

Curvas de Brasília – Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção de Brasília, com suas curvas e linhas sinuosas impressas nos cartões-postais da cidade. O Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958 e os pilares da fachada do prédio se tornaram o emblema de Brasília. A sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.

 

Porém, um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana. Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados. A acústica foi planejada para que o som reverbere pelo espaço de forma que haja pouca necessidade do uso de amplificadores. Uma das curiosidades mais citada é o fato de que o arquiteto era ateu. 

 

Preservação – Câmara em Pauta não pode deixar de comentar que a morte de Niemeyer acontece em meio a discussões sobre o problemático Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), proposto pelo Executivo e que tramita na Câmara Legislativa. A maior homenagem que Niemeyer poderia receber neste momento seria o respeito à cidade que tanto defendia e admirava e que abriga suas maiores obras.

 

Dizemos isto, porque o PPCUB segue segue a toque de caixa para aprovação na CLDF semana que vem, a despeito de todas as críticas e recomendações em contrário, vindas de órgãos como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) e do movimento Urbanistas por Brasília, que no início do mês mandou carta alertando os distritais sobre problemas existentes no processo.

 

Mais do que nunca, homenageamos Niemeyer esperando que as cidade dos monumentos criados por ele não se curvem à sanha das interferências de interesses outros que não o público nas decisões do GDF.

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