A empresa de Bruno e Roberto Filipelli, filhos do vice-governador do Distrito Federal e presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli, recebeu dinheiro de publicidade da Presidência da República. A Aerochannel Sinalização Ltda, que vende serviços de publicidade eletrônica no Aeroporto Internacional de Brasília recebeu um pagamento R$ 242 mil da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).
O pagamento em parcela única foi feito em janeiro deste ano, segundo o jornal Folha de S.Paulo. O periódico afirmou que só teria conseguido identificar os valores recebidos pela Aerochannel porque a Presidência passou a divulgar em seu site o caminho deste dinheiro, após anos se recusando a dar essas informações.
A empresa dos Filipelli integra um grupo de 49 empresas enquadradas como “mídias externas e alternativas”, que são propagandas como outdoors de rua ou em monitores de metrô, ônibus e elevadores. A Secom pagou esse tipo de publicidade para esse grupo de empresas, que juntas receberam cerca de R$ 4,8 milhões da Secom entre janeiro do ano passado e julho deste ano, período cujos dados estão disponíveis. Tadeu Filippelli é do mesmo grupo político do vice-presidente da República, Michel Temer e faz parte da ala que comanda o PMDB nacionalmente.
Valor superior – O jornal Folha de S.Paulo comparou a despesa da Secom com a Aerochannel e informou que o valor é semelhante e, em alguns casos, superior à verba destinada a publicações em jornais de alta circulação, como o Correio Braziliense, Estado de Minas e o Valor Econômico. A direção da empresa afirmou que recebeu o dinheiro para veicular vídeos do governo, mas repassou a maior parte da verba para outras companhias, que detêm concessões em outros aeroportos.
Ainda segundo a Folha, em 2009, durante o escândalo da Operação Caixa de Pandora, a Aerochannel havia sido beneficiada pelo governo do DF com repasses de pelo menos R$ 4 milhões para serviços de publicidade entre 2007 e 2009. Filipelli, que na época era deputado federal, era um dos principais aliados do ex-governador José Roberto Arruda, acusado de ser o chefe do esquema de compra de apoio político desbaratado pela Polícia Federal na operação.
Desde 2000, a empresa tem uma concessão da Infraero para atuar no aeroporto de Brasília com publicidade em monitores eletrônicos. Os filhos de Filipelli entraram na empresa a partir de 2004. Dois anos depois, sem abrir nova licitação, a Infraero multiplicou por oito o número de monitores que a empresa poderia usar. A verba para a Aerochannel foi repassada por meio de subcontratação pela Propeg Comunicação, agência contratada oficialmente para cuidar da publicidade da Secom.
Resposta – Tanto a Secom da Presidência, quanto o vice-governador do DF negaram influência política na destinação de dinheiro de publicidade a Aerochannel. Em nota, a Secom afirmou que a Aerochannel foi contratada “em virtude da sua grande cobertura no país” e que “as ações de comunicação realizadas junto a Aerochannel abrangeram 12 aeroportos”. Filipelli disse ainda que as empresas e atividades dos filhos não teriam a ver com ele.
Roberto Filippelli deu uma versão diferente e disse que representou um grupo de empresas que atuam em 13 aeroportos, ao receber os R$ 242 mil da Propeg Comunicação e que apenas R$ 46,4 mil do total coube à empresa. “Neste caso, a Aerochannel atuou como representante da rede, recebendo da Propeg os custos globais da veiculação da campanha e repassando a cada uma das empresas integrantes da rede os valores específicos”, contou. Ainda segundo Roberto, juntos, ele e Bruno têm 33% de sociedade na empresa.
Por sua vez, a Propeg respondeu por escrito, que por questões contratuais com a Secom, não poderia se manifestar sobre o assunto. “Não estamos autorizados a divulgar informações acerca da prestação de serviços objeto do contrato, exceto com a prévia e expressa autorização da contratante.”