Nesta terça (21) o ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendendo ao pedido do Ministério Público Federal e determinou abertura de inquérito sobre o suposto envolvimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) com o grupo do contraventor Carlos Augusto da Silva Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O STJ já havia determinado abertura de inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também sobre um suposto envolvimento com o grupo. Ambos governadores negam ligações com o bicheiro.
O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, afirmou que o inquérito vai comprovar que as acusações contra Agnelo são falsas. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que investiga as ligações de gentes públicos e privados com o contraventor no Congresso Nacional, Agnelo disse que o suposto esquema criminoso comandado por Cachoeira tramou a derrubada dele do governo e que o GDF tem sido perseguido pelo crime organizado.
CPMI – Em seu depoimento, Agnelo fez questão de destacar que a “cronologia dos fatos, infelizmente não foi vista por alguns veículos de imprensa”, ressaltou ainda que, em alguns dos áudios da PF, Cachoeira e seus comparsas comentavam denúncias antes da publicação de reportagens de revistas como Veja e Época, apontando ainda que em algumas das escutas, o grupo do contraventor fez comentários do tipo “agora ele cai”, “pode avisar que é pra continuar a bater”.
Lembrou que há gravações que a imprensa não publicou, em que ele era reiteradamente atacado e questionou: “se Cachoeira tivesse acesso ao governador, porque precisava aliciar funcionários da base?” – não conseguiu legalizar nada na Terracap, um dos setores onde o contraventor tentou incidir. O governador destacou ainda uma das falas de uma intervenção telefônica de março de 2011, onde o araponga Idalberto Matias, o Dadá diz: “Os caras nomearam só inimigo da Delta. O que esse povo me ajudou até hoje? Ninguém nomeou nem gari”.
Agnelo disse também que não há nenhum áudio que o envolva com o esquema de Cachoeira e que os citados em gravações ligados ao GDF estão passando por processo administrativo e tiveram seus sigilos fiscal e bancário quebrados e que nenhum servidor do atual governo está entre os indiciados pela Operação Saint Michel.
DFTrans – Em maio deste ano, o diretor administrativo-financeiro do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Milton Martins de Lima, um dos citados em gravações da PF, foi afastado do cargo. Em uma das gravações, no dia 14 de junho de 2011, Cachoeira conversa com Gleyb Ferreira da Cruz sobre uma negociação para que a construtora Delta assumisse o sistema de bilhetagem eletrônica do DFTrans, Cachoeira cita um servidor do órgão de nome Milton, que nega qualquer relação com integrantes do grupo do bicheiro.
O bicheiro sugere a preparação do edital para o sistema de bilhetagem. Gleyb diz que o GDF está precisando do edital com urgência. O bicheiro então recomenda que o contrato seja feito sem licitação, em caráter emergencial. Propõe ainda a contratação da empresa Delta e pergunta quanto receberiam pelo negócio. Gleyb diz que a estimativa era de R$ 60 milhões.
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