Neste domingo (15), o jornalista Claudio Humberto fala das inconsistências na denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contra o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido). Humberto aponta a maior incoerência de todas: o fato de não ter sido sequer citada a governadora Maria de Lourdes Abadia, do PSDB, que exerceu o cargo no período em que o delator Durval Barbosa filmou seus alvos.
Sobre as inconsistências na denúncia, o Câmara em Pauta publicou matéria no início deste mês, sobre uma denúncia do site Brasil 247, de Gurgel, teria confidenciado em um almoço em sua homenagem, na Casa do Ceará, que disse para a procuradora Raquel Dodge, responsável pelo caso. “Ou você apresenta agora, ou vou mandar arquivar”. E ela teria pedido então para que o procurador também assinasse a peça, trazendo à tona a denúncia, com quase três anos de atraso.
Uma das dificuldades técnicas da denúncia contra Arruda seria o fato de todas as provas serem anteriores à posse dele como governador do DF. As imagens feitas por Durval são de 2006 e Arruda foi empossado em 2007. Segundo o site, o procurador preferiu enfrentar o risco e oferecer uma denúncia tecnicamente questionável, por conta das pressões ligadas ao caso Cachoeira e da proximidade do julgamento do Mensalão.
A pergunta que fazemos desta vez quanto a Gurgel é: quantas inconsistências, erros em processo (+), arquivamentos duvidosos (+) e prevaricações (+) serão necessários para que se tome uma providência contra o procurador? Enquanto a resposta não vem, reproduzimos a coluna de Claudio Humberto.
Pandora: falhas na denúncia podem livrar Arruda
A denúncia contra os acusados na Operação Caixa de Pandora levou três anos para ser formalizada pelo Ministério Público Federal, mas contem lacunas que podem beneficiar o ex-governador do DF José Roberto Arruda, principal acusado, como o fato de a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) não ter sido sequer citada. Afinal, foram gravados durante o governo dela, no ano de 2006, cerca de 70% dos vídeos de Durval Barbosa distribuindo dinheiro sujo a políticos.
Porta aberta
Membros do MPF acham que Arruda pode demonstrar que era rival de Abadia na briga pelo governo do DF. Logo, o chefe de Durval era outro.
Dois pesos…
Durval gravou cerca de 30% dos vídeos da corrupção no governo Joaquim Roriz, que foi poupado pelo MPF por ter mais de 70 anos.
…duas medidas
O MPF não poupou três outros acusados na Pandora, com mais de 70 anos: Benedito Domingos, Eurides Brito e o ex-assessor José Maciel.
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