O delegado aposentado João Kleiber Ésper, da Polícia Civil do Distrito Federal foi preso no aeroporto de Guarulhos nesta segunda (18), voltando dos Estados Unidos. Ele foi condenado a três anos e seis meses de reclusão, pagamento de 50 dias-multa, além de perda do cargo público. A decisão em segunda instância foi no ano de 2010, por prevaricação e ocultação de documento ao omitir depoimento que prejudicaria o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ésper é ex-diretor da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS) e vai ficar preso no Complexo Penitenciário da Papuda, para cumprir seis meses por prevaricação — retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício — e três anos e seis meses por ocultar documento.
Ele vai cumprir a pena em regime semiaberto. Ficará preso, mas poderá obter benefícios como sair para trabalhar durante o dia e retornar à cadeia somente para dormir, desde que autorizados pela Vara de Execuções Penais. Ele terá de passar a noite no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), para onde são levados policiais condenados.
Ésper conseguiu aposentadoria por invalidez em janeiro deste ano, mas a polícia civil não especificou o motivo. Em abril, o governador Agnelo Queiroz o desligou da Polícia Civil, mas para perder o vínculo definitivo com a Polícia, a aposentadoria precisa ser cassada.
O caso – O delegado foi condenado por falhas cometidas no depoimento do advogado Bruno de Miranda Ribeiro em 2007, contra o então presidente do Senado Renan Calheiros. Em seu depoimento, Bruno acusou o empresário Luiz Carlos Garcia de montar um esquema de arrecadação de dinheiro para Renan nos ministérios chefiados pelo PMDB.
Ésper engavetou o depoimento por sete meses, até que o caso veio à tona com o escândalo em que o Calheiros foi acusado de receber dinheiro da Mendes Júnior para pagar pensão à filha que teve com a jornalista Mônica Veloso. Acusado de quebra de decoro, Renan escapou da cassação no Senado.
Na ficha criminal do delegado Kleiber também constam 16 dias de detenção em 2009, por ameaças à então corregedora da Polícia Civil do DF Nélia Vieira, logo após ele receber a condenação em primeira instância pela Vara Criminal do Paranoá. Na época, a delegada entregou o cargo de corregedora, alegando estresse e necessidade de cuidar de assuntos familiares, mas estaria sofrendo pressão por dar andamento a punições de policiais.
Ele também é acusado de receber mais de R$ 70 mil de Orlando Rodrigues da Cunha Filho, então presidente da Federação Hípica, para livrá-lo de um processo, em 2003, quando estava lotado na 10ª DP, no Lago Sul. Cunha foi preso em julho de 2005, acusado de estelionato num esquema de falsos empréstimos, que lesou 300 pessoas em quatro capitais.
Com informações de R7 e Correio Braziliense.