Capítulo II – Os Arapongas
Uma trama de suspense que se preze, carece de um núcleo de espionagem. Assim apresentamos em Cachoeira de Emoções Idalberto Matias, o Dadá. Ex sargento da Aeronáutica, ele se dedicou à difícil arte da arapongagem após o declínio do mercado de informações fomentado pela ditadura militar. No capítulo atual, ele está preso em uma unidade militar do DF e é apontado como o principal articulador do esquema de Cachoeira, mas ao que parece, a atuação de Dadá ia muito além, em uma carteira de clientes que vai de políticos a promotores (+).
Na Operação Monte Carlo, enquanto cumpria um dos mandados de busca e apreensão, a PF apreendeu documentos no apartamento de Dadá que indicam que o destemido araponga teria montado uma ampla rede de gravações clandestinas em Brasília, que vem funcionando há cerca de uma década. Dadá é um capítulo à parte. O mantenedor de um imenso esquema clandestino de espionagem levou a PF a abrir uma investigação paralela à Monte Carlo.
Dadá surgiu nesta trama durante a Operação Satiagraha, quando o delegado e atual deputado Protógenes Queiroz (PCdoB – SP) pediu ajuda no recrutamento de freelancers na investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas, porém as provas foram anuladas, Protógenes se elegeu deputado e Dadá se aposentou, passando a atuar apenas na clandestinidade.
O araponga, segundo a PF, montou o maior esquema de espionagem da história recente do País, com direito a colaboradores infiltrados em diversos órgãos públicos, como o chefe do setor de Inteligência do Ministério Público do DF Wilton Queiroz, que é o maior colaborador de Dadá, passando dados confidenciais sobre inquéritos e processos que tramitam pelo MP, o que permitia que o araponga avisasse seus clientes sobre possíveis ações na Justiça. Como uma mão lava a outra, o espião fazia arapongagens sob encomenda e, se o resultado fosse interessante para o MP, posteriormente Wilton ia atrás de autorização judicial para interceptação de gravações oficiais.
A PF aponta ainda o promotor Libânio Alves Rodrigues, além de parceiros na Corregedoria da Polícia de Goiás, nos serviços reservados das Polícias Civil e Militar de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo, além de delegados da própria Polícia Federal e agentes da comunidade de informações do Exército, da Aeronáutica e da Marinha, para a elaboração de dossiês. Os sargentos Leonel Martins e Itaelson Rodrigues, lotados na Casa Militar do Distrito Federal por indicação de Dadá e comando do coronel Rogério Leão.
Agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) passariam dados bancários e fiscais de pessoas físicas e jurídicas. Temos também a figura do sargento da Polícia Militar do DF, Jairo Martins, que mais à frente terá papel surpreendente na nossa trama como personal Araponga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Não perca o próximo e emocionante Capítulo de Cachoeira de Emoções: A Imprensa.
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