No ar, mais um Capítulo de Cachoeira de Emoções: A Imprensa

Publicado em: 30/04/2012

 

 

Capítulo III – A Imprensa 

 

Para fazer valer o aparato tecnológico de grampos ilegais da Rede de espionagem e arapongagem Dadá Cia Iltda, não pode faltar um ingrediente essencial para a trama, então Cachoeira de Emoções conta com seu núcleo de jornalistas plantados em veículos de comunicação dos mais diversos, para publicizar o que é de interesse do grupo. Cachoeira e Demóstenes funcionavam como uma espécie editores de bastidores, quase gosth-writers (+).

Assim temos um flashback em nossa trama e o tempo retorna ao Mensalão do PT. Gravado por Dadá e publicado por Veja e o restante dos veículos ia comprando essas e outras histórias. O mensalão é tratado pela Veja como o maior escândalo político dos últimos anos e, logo após a revista ser citada como parte do Conglomerado de Imprensa Cachoeira, a revista chegou a dizer que a Operação Monte Carlo seria uma “Cortina de Fumaça” para encobrir o mensalão.

Consta que uma das matérias escritas pelos editores fantasmas e levada a cabo por Policarpo Jr seria a fita em que o funcionário dos Correios, Maurício Marinho aparece recebendo uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal foi gravada pelo araponga Jairo Martins, aquele mesmo que é da PMDF. A história e o grampo foram divulgados numa reportagem do Policarpo, que logo depois do mensalão foi nomeado diretor da sucursal da revista em Brasília (+).

De acordo com o ex-prefeito de Anápolis, Ernani de Paula, os motivos para o Mensalão podem ser encontrados no meio da investigação e seriam uma retaliação ao então ministro da Casa Civil José Dirceu, que jogou água nos planos de Demóstenes, que em 2003 no início do governo Lula era cotado para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública e para isso, deveria mudar do DEM para o PMDB. Isto pode ser verificado em uma das gravações  de conversa entre Cachoeira e a esposa de Demóstenes, Flávia Coelho (+) e depois entre os dois comparsas. Se ele fosse nomeado secretário, assumiria a suplente, nada mais, nada menos que a própria Flávia (+).

Voltamos do flashback. Inspirados em ícones da imprensa mundial como Rupert Murdoch, Jayson Blair e Michael Finkel, nossa Cachoeira de Emoções também conta com valorosos jornalistas. Entram na trama nomes como do editor Chefe da Sucursal da Revista Veja em Brasília Policarpo Jr, do assessor de Cachoeira Mino Pedrosa e o blogueiro Edson Sombra (+). Já em outra gravação, Dadá diz: “tamo bem na fita com a Folha”, outra aponta a Revista Época, há menção a um repórter do Correio Braziliense, ao Jorge Kajuru (+) e por aí vai se confirmando o Conglomerado de Mídia do Grupo. Tudo isso vem causando polvorosa nas presidências de grandes veículos de imprensa no Brasil (+).

Policarpo, um dos mais citados com cerca de 200 telefonemas interceptados, também chamado por Cachoeira apenas como “Poli” (+) ou “PJ” ou ainda “Caneta”, era o personal editor do Poderoso Chefão, era o responsável por publicar as reportagens que o multimídia Cachoeira pautava, com base nos grampos fornecidos por Dadá, com a intenção de atingir seus rivais e se estabelecer cada vez mais no poder paralelo. Um dos feitos de Cachoeira à frente de Veja foi vender ao público a imagem de probo e ético para nosso valoroso senador Demóstenes, que antes de Cachoeira de Emoções desaguar nos lares brasileiros, era nada menos que um dos – senão “O” – político mais influente da oposição.

Cachoeira também intermediou um negócio envolvendo Cláudio Abreu, o diretor da Delta no Centro Oeste, com o jornalista alagoano Cláudio Humberto, que falava das ligações da Delta com Sergio Cabral (PMDB), governador do Rio de Janeiro. Abreu resolveu pagar o jornalista através de Marconi Perillo (PSDB), que combinou levar uma empresa privada para ele e ele faria uma mídia mensal. No fim Mino Pedrosa iria cobrar entre R$ 5 mil e R$ 7 mil para fazer uma coluna diária nesse jornal do Cláudio Humberto.

Como o fio condutor de nossa trama é o poder e o dinheiro, entra Tadeu Filipelli (PMDB-DF), o vice governador do Distrito Federal, que pagava R$ 100 mil reais ao “jornalista” Mino Pedrosa e Dadá especula que estaria financiando também Edmilson Santos, o Edson Sombra, para disparar o fogo amigo no governador Agnelo Queiroz (PT), cuja deposição do posto interessava ao grupo (+).

O episódio mais recente coloca no enredo o site Brasil 247, que vazou o inquérito que investiga Demóstenes e corre em segredo de justiça, mas essa é uma pitada de mistério que irá ficar no ar até o capítulo final, como foi em casos como Beto Rockfeller, Salomão Ayalla e Odete Roittman (+). Após este vazamento de origem ainda obscura e se valendo do sigilo da fonte, muita coisa veio à tona (+).

Curiosidades – Recursos de edição também servem para apimentar a história, como o grampo sem áudio e câmeras escondidas no Hotel Nahoum, para captar os passos de José Dirceu, alvo mor do Mensalão. Em 2011 a Veja publicou matéria de capa falando da suposta interferência do ex-ministro José Dirceu, derrubado no Mensalão. A reportagem mostrava integrantes do governo em reuniões extra-oficiais com o ex-ministro no Hotel Nahoum. O jornalismo “investigativo” teve um repórter acusado de tentar invadir o apartamento onde Dirceu estava hospedado.

Temos como curiosidade também o famigerado "grampo sem áudio", mas isto fica para outro capítulo.

Aguarde o próximo e emocionante Capítulo de Cachoeira de Emoções: O Judiciário.

 

Não perca o primeiro Capítulo de Cachoeira de Emoções: O Senador.

Leia mais um Capítulo de Cachoeira de Emoções: Os Arapongas.

 

 

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