A semana começou cheia de novidades para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, mesmo com o Congresso Nacional fechado. Novos nomes foram citados em novas gravações e novos personagens aparecem nas gravações da Operação Monte Carlo. Um dos nomes é o do deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) (veja aqui), que é um dos membros da CPMI. A pergunta de Câmara em Pauta (afinal perguntar não ofende) é se o deputado deve participar de uma investigação onde ele mesmo é citado, mesmo que prove não ter culpa no cartório. Vamos aos fatos.
No último dia 16 de abril, a revista Veja publicou uma reportagem intitulada “Espiões vermelhos”, denunciando um suposto núcleo de arapongagem no DF. Na época, Francischini anunciou que pediria a prisão de Agnelo. O porta voz do Governo do DF, Ugo Braga, admitiu que o deputado e o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra tinham sido realmente investigados, mas através do Infoseg e da Casa Militar de forma legítima, segundo Braga (+aqui).
Na última sexta, após o inquérito do STF, que investiga Demostenes Torres (Sem partido-GO) vazar na imprensa, novos fatos vêm surgindo de dentro das milhares de páginas. Um deles, lá no sétimo apenso revela que o deputado tinha estreito relacionamento com os espiões da quadrilha de Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, que está sendo investigada pela CPMI da qual o deputado é membro.
Uma das gravações do último dia 31 de janeiro, Dadá faz referência a uma mensagem enviada por Francischini, a um contrato na Polícia Civil do DF e a um encontro com o parlamentar tucano. Mais à frente, Dadá telefona para Cachoeira, no dia 4 de fevereiro, menos de um mês antes de ambos serem presos na Operação Monte Carlo e revela que vem sendo ajudado por Francischini, que estaria bancando despesas de um escritório para derrubar Agnelo. Segundo Dadá, o tucano tentaria se candidatar ao GDF e para isto, transferiria o domicílio eleitoral do Paraná para o DF (+aqui).
Resposta – Francischini promete detonar algumas bombas, em entrevista coletiva na tarde desta segunda (30). Segundo ele, na entrevista serão apresentados documentos que comprovam que foi grampeado a mando do governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz(PT) e dizer o nome do araponga que o grampeou. Francischini ainda pretende provar que quem pagou pelo serviço foi Carlinhos Cachoeira (+aqui).
O deputado disse ainda ao site Brasil 247 que “o governo petista do Distrito Federal está plantando por aí trechos isolados e mentirosos. Eu nunca estive com o Dadá. O que ocorreu é o seguinte: o Paulo Abreu da Delta veio para Brasília se encontrar com os arapongas Dadá e Marcelão para entregarem pessoalmente ao Agnelo Queiroz os grampos ilegais contra mim, fizeram a entrega ao Agnelo no segundo andar do Palácio dos Buriti”.
Disse também que “Agnelo recebeu de Dada e Marcelão, com o Abreu, os grampos ilegais. Isso virá a tona esta semana, e então estão atirando em mim, para ver se eu recuo: mas lembrem-se que eu sou o casca grossa que prendeu o traficante Juan Carlos Abadia e Fernandinho Beira-Mar: portanto não tenho medo de ninguém. Que venham, porque a bomba vai cair em cima deles”.
Além da pergunta que fizemos no início do texto, se a participação de Francischini na CPMI é ética e legitima, ou se o fato dele ser citado não representaria impedimento, gostaríamos de fazer outro questionamento, antes porém– ressaltando que é irônico e sarcástico (+aqui), para que não pairem dúvidas sobre isto: Espião que espiona espião não deve ter cem anos de perdão?